Guia da Semana

Foto:Sxc.Hu


Há alguns anos, usar o andador era sinal de criança esperta e domínio do corpo. Porém, hoje se sabe que o uso do andador implica em atrasos no desenvolvimento sensório-motor, coordenação motora, além de contribuir com danos a integridade física.

Hoje sabemos que além do tradicional (circular), há também o andador vertical. O que não é adequado à criança é o tradicional, O andador indicado e seguro é o vertical, que respeita o aprendizado motor da criança, mas também deve ser oferecido em idade adequada.

A criança desenvolve-se motoramente em etapas sequenciais. Num primeiro momento, o bebê sustenta a cabeça, em seguida rola o corpo em bloco, arrasta-se, engatinha, fica em pé e termina por andar. Em todas essas fases, a criança está amadurecendo neurologicamente, além de seu corpo estar se alongando, fortalecendo e treinando coordenação para realizar o transporte de todas as posturas. Percebemos que, para andar, existe processo evolutivo predeterminado. Com o uso do andador, a criança é forçada a pular fases. Isso implica em atraso no desenvolvimento natural, visto que a criança deve passar por todas as fases de maturação neurológica.

Hoje em dia, sabemos que além do atraso motor a criança poderá sofrer atraso na aquisição da fala, simplesmente pela falha no desenvolvimento neurológico que se resume em andar-falar-pensar. Caso exista um atraso na locomoção, no futuro, a criança certamente apresentará dificuldades em vocalizar.

Outro malefício é que no andador a criança toca o chão apenas com as pontas dos pés, podendo causar atrasos na formação dos arcos plantares contribuindo para o pé plano, além de alterações ósseas nos pés. Outra região também afetada são os quadris que por sua posição de encaixe na calça do andador poderá levar a deformações.

O andador oferece uma falsa sensação de liberdade e estímulo adequado à criança. Muito pelo contrário, porque também contribui para atrasos no equilíbrio, coordenação motora fina, esquema corporal e orientação espacial, pois os limites físicos do andador impedem que a criança explore o ambiente e o autoaprendizado do conhecimento corporal.

Para a criança se desenvolver plenamente, são necessários estímulos através de brincadeiras e atividade no chão, para que os pequenos "treinem" as mudanças posturais. Atividades como essa necessitam de uma supervisão dos pais, tanto para estimular quanto para livrar os pequenos dos perigos escondidos em casa.

A criança precisa experimentar seu corpo livremente, sem uso de dispositivos e os "pequenos tombos" nesse sentido, são naturais e essenciais para ao aprendizado do esquema corporal, noção espacial e domínio do mesmo. Portanto, para estimular os pequenos, ofereça a ele uma combinação simples: sua presença e o chão!

Leia as colunas anteriores de Denise Gurgel:

Os pequenos também merecem

A linguagem corporal da criança

Sim, engatinhar é preciso


Quem é a colunista: Denise Gurgel.

O que faz: Fisioterapeuta atuante na área materno-infantil e especialista em Shantala

Pecado gastronômico: Pães, todos os tipos, formas e sabores!

Melhor lugar do Brasil: Parece clichê, mas é a minha casa!.

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 1 Dez 2011.