Guia da Semana

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Crianças com orelhas em abano são alvo de piadas e chacota na escola e não passam desapercebidas pelos colegas em lugar nenhum. Viver a infância sendo chamado de Dumbo e outros apelidos pejorativos pode fazer muito mal para a auto-estima desses pequenos. E para evitar futuros transtornos ou qualquer tipo de trauma, muitos pais estão aderindo à Otoplastia infantil, cirurgia indicada para a correção externa da orelha.

De acordo com o cirurgião plástico Ruben Penteado, a orelha em abano é um distúrbio caracterizado pelo aumento do ângulo entre o órgão e o crânio. A medida padrão de espaçamento das orelhas varia entre 30 e 45 graus, ou seja, um espaço de até dois centímetros de abertura visto de trás. No entanto, pode ocorrer o apagamento da dobra mais externa- chamada de anti-hélice - o que produz uma abertura maior da parte superior. "Cerca de 5% das pessoas apresentam a anomalia, que ocorre mais freqüentemente em meninas. Trata-se de uma malformação hereditária, em geral, com vários casos na mesma família e todos parecidos".

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A cirurgia para correção de deformidades do órgão é considerada simples e costuma ser realizada entre os 7 e 14 anos. O diretor geral da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Douglas Jorge explica que apesar da possibilidade do órgão crescer até os 10 anos de vida, a criança já pode fazer a operação antes dessa idade. "É recomendado que seja a partir dos 7. Em casos extremos, se a deformidade for muito grave, pode se antecipar um pouco e fazer a otoplastia quando a criança tiver 5 ou 6 anos."

Na opinião dele, os pais nem sempre devem tomar a decisão tão cedo porque às vezes o tamanho da orelha parece grande, porém, conforme a criança vai crescendo o rosto se torna mais simétrico e a imperfeição desaparece. "Além disso, ela tem de se mostrar insatisfeita. Eu já presenciei pais que queriam operar uma criança de 2 anos. É muito cedo". Para aqueles que ainda não tem filho ou estão esperando a chegada de um bebê o doutor dá uma dica: se logo que a criança nascer os pais perceberem uma orelha acentuada para fora eles podem prendê-la com uma fita adesiva. "Mas, isso só pode ajudar a modelar o órgão até os 15 dias de vida, depois não adianta mais".

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Procedimento da cirurgia
Uma avaliação clínica e laboratorial pré-operatória e uma passagem pelo pediatra são fundamentais para estabelecer se a criança está em boas condições para se submeter a cirurgia. Deve-se suspender o uso de quaisquer salicilatos (como AAS, aspirina, Melhoral) por duas semanas antes e duas semanas depois da cirurgia.

A otoplastia é realizada para aproximar a orelha da cabeça, corrigindo a forma e o "desenho" do órgão. "Na técnica mais utilizada hoje, o procedimento cirúrgico é feito através de um corte interno na pele atrás da orelha. A pele é descolada da cartilagem e fixada na nova posição com pontos internos" explica Ruben. A anestesia pode ser local ou geral. A escolha do método de anestesia, sempre em comum acordo com o anestesista, levará em consideração o tamanho da operação, as condições clínicas, psicológicas e a idade do paciente. A plástica é normalmente executada em caráter ambulatorial, com alta hospitalar algumas horas após a recuperação da anestesia.

Pós-operatório:
? O paciente vai para casa com um curativo e ataduras;

? De 15 a 20 dias sem brincadeiras agitadas, ou seja de repouso;

? O paciente deve andar enfaixado durante o dia e principalmente durante a noite para deixar a orelha bem protegida e evitar acidentes;

? Os cuidados devem ser tomados até cerca de 3 meses depois da cirurgia;

? Tomar sol pode causar inchaço na região;

De acordo com o doutor Douglas, este é o momento mais difícil quando se trata da otoplastia infantil, porque a recuperação exige muita cautela e paciência.



Consultas:
Douglas Jorge- Cirurgião plástico e diretor geral da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Ruben Penteado- cirurgião plástico e diretor do Centro Integrado de Medicina

Atualizado em 1 Dez 2011.