Guia da Semana

Os ficantes eternos querem pegar todo mundo!
Foto: Stck.Xchng

Vivemos a era dos ficantes. Quase ninguém mais namora, fica noivo e se casa. Quem ainda segue esse ciclo natural (?), corre o risco de não chegar a ver o casamento durar tanto e viver a clássica crise dos sete anos que toda união (dizem) sofre (no caso do namoro, a crise é de três meses - 1º mês: ele/ela é uma graça; 2º mês - ele/ela até que é interessante; 3º mês: Que mala!).

Os ficantes são beijoqueiros vorazes (bocas nervosas) que não primam pela sabedoria da escolha (afinal, qualquer boca disponível vale a pena). Eles se dividem em dois tipos: os ficantes temporários e os eternos.

Os temporários se curam dessa febre de achar que todo mundo é bom de amasso. Nada contra quem não é do ramo, mas já que você se predispõe a ser um ficante, que seja eficiente nisso.

Os eternos passam pelo ridículo de chegarem a uma idade mais avançada achando que a vida é uma adolescência permanente e que os cabelos brancos devem ser ocultos com muita tinta e o corpo, com lipos permanentes, fazendo o culto à artificialidade e jamais perdendo uma rave, por mais teen que ela seja. Alguns chegam ao estágio do patológico e viram pedófilos. Para estes, uma boa terapia ajuda muito a voltar ao eixo, ainda que existam muitos casos perdidos.

Os ficantes eternos adoram os chats. Lá, eles podem mentir a idade, dizer que o computador está com problema e a webcam não funciona, fingir que estão sarados enquanto encolhem a barriga, prometer a sinceridade e o amor que talvez nunca tenham. A cada momento que agem como ficantes eternos, essa síndrome de Peter Pan os emburrece quanto à percepção de si mesmos. E todo o mal vive de mãos dadas com algum tipo de ignorância.

Os ficantes eternos são os chatos do século XXI: criaturas doidas para traçar todo mundo e fazer com que os bem intencionados (aqueles que casam e pensam em família) vivam repetindo que é difícil alguém levar outra pessoa a sério hoje em dia. Aliás, ficar escravo dos mantras das experiências fracassadas no amor não faz de ninguém uma pessoa sedutora, da mesma forma que um corpo perfeito não é o suficiente para alguém ficar imperdível sexualmente. E não existe nada mais "mala" do que alguém que se julga o máximo, que se esquece que cada idade na vida tem suas limitações e benefícios e que existe uma brutal diferença entre paixão, desejo e amor.

Quem é o colunista: Paulo Victor Ribeiro é carioca, jornalista, autor teatral com uma peça encenada no Rio de Janeiro, poeta e contista.

O que faz: Redação publicitária e ghost writer.

Pecado gastronômico: Chocolate e queijo.

Melhor lugar do Brasil: Santos.

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.