Guia da Semana

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Em meados do ano passado, quando estava com 13 anos, Rosana* começou a ter seu nome associado a adjetivos pejorativos que depreciavam a sua imagem. As agressões, que tiveram início no colégio, começaram a se disseminar através da rede social Orkut. "Eu era nova na escola e algumas meninas começaram a ficar com inveja de mim. Então, criaram um perfil falso e ficavam escrevendo besteiras sobre a minha pessoa", conta.

Também conhecido como cyberbullying ou online bullying, o bullying virtual é uma extensão do que quase todos os adolescentes já presenciaram. Nesse caso, no entanto, fica mais fácil para os agressores se esconderem atrás de identidades falsas na hora de agredir seus desafetos. Além disso, na ausência do tête-à-tête, basta escrever as ofensas e apertar o botão enviar.

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De um modo geral, as pessoas que cometem bullying são motivadas por sentimentos como a inveja e a necessidade de autoafirmação. E isso fica claro na reportagem "Os Opressores", recém-publicada no suplemento Folhateen, do jornal Folha de São Paulo.
Nome técnico dado para a violência física e psicológica entre crianças e adolescentes que ocorre principalmente nas escolas, o bullying vem se tornando prática comum no universo on line. Em contato direto com o agressor, o trauma vai desde tapas de um grandão em um garoto menor até a utilização de apelidos maldosos para rotular um colega e a exclusão do grupo; na internet, os atos se caracterizam por difamação, ofensas e ameaças.

Apesar de em um primeiro momento parecer mais fácil de se desvencilhar por se tratar de uma atitude virtual, esse tipo de bullying acaba se espalhando pelos outros campos de convívio e as consequências dessa agressão acabam sendo ampliadas. Afinal de contas, a internet e as redes sociais são cada vez mais presentes na vida dos jovens.

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Quem pratica o bullying muitas vezes não sabe que seus gestos podem trazer sérias consequências às vítimas. "As pessoas que sofrem bullying podem desenvolver desde problemas ligados à baixa autoestima até comportamentos hostis, reproduzindo a agressão sofrida", afirma a psicóloga Carolina de Azevedo. Em casos extremos, a vítima pode até tentar ou, de fato, cometer suicídio. Além disso, o bullying pode interferir na aprendizagem do adolescente.

No caso de Rosana, as consequências não foram tão graves, mas afetaram bastante a sua rotina escolar. "Eu tinha vergonha de ficar em certos lugares da escola, não queria ir pra aula e quando via alguém rindo achava que estavam me zombando", lembra. A situação só começou a mudar quando ela contou o que estava acontecendo para os seus pais, que foram conversar com a direção da escola. "Eu não queria que meus pais fossem na minha escola, mas depois que eles foram, uma das meninas que faziam essas coisas comigo foi chamada na diretoria e confessou que criou o perfil [falso] no Orkut, daí ela teve que me pedir desculpas", lembra. Depois disso as coisas começaram a melhorar.

Ninguém está livre de passar por isso um dia e cada um pode reagir de uma modo diferente diante de uma situação como essa. De qualquer forma, para a psicóloga Carolina, é importante que quem é vítima de bullying converse com alguém de sua confiança para falar sobre o que está acontecendo e buscar ajuda. Isolar-se é uma atitude que só colabora para que as coisas piorem.

* Nome fictício

Atualizado em 6 Set 2011.