Guia da Semana

Foto: Getty Images

Adolescentes chegam a ficar até 12 horas na fila, esperando seus ídolos

O grupo das roupas coloridas e estilo musical denominado happy rock lota as casas de shows em todo Brasil. Apostando no carisma e interagindo com o público através da Internet e mídias sociais, Pe Lu (vocal/guitarra), Pe Lanza (vocal/baixo), Koba (guitarra) e Thomas (bateria) se transformaram em pouco tempo no fenômeno teen da atualidade, angariando diversos prêmios.

A fama foi tamanha que a horda jovem que segue o grupo criou até um termo próprio, "Família Restart". Com esse apelido, eles ficam horas na porta das casas aguardando o show, lotam todas as suas apresentações e ainda pagam para passar instantes com o grupo. Confira o que esses adolescentes fazem para ficar perto dos seus ídolos.

Kit Camarim

Júlia, 15 anos, conheceu a banda há 1 ano. Foi através do orkut que teve acesso a uma música e, depois de ouvir, se apaixonou pelo som. "Muitas vezes faltei na escola para acompanhar o Restart no estúdio, TV ou em sessões de autrógrafos", revela a adolescente que já assistiu a 15 shows da banda e comanda um fã clube do grupo com 2,6 mil integrantes.

Para quem não tem tempo de acompanhar o dia a dia da banda, o caminho mais fácil de estar com o grupo é pela visita aos camarins. Mas com um público extenso e a impossibilidade de receber todos em apenas uma noite, o Restart se baseou em bandas internacionais para resolver esse problema. "Distribuímos de 30 a 50 pulseirinhas para as primeiras pessoas que chega à fila. O restante, cerca de 150, são oferecidas a quem compra nosso kit camarim, que dá acesso à banda no fim da apresentação", afirma o vocalista Pe Lu.

Foto: divulgação/ Bruna Ferrari

Show do Restart em março, no HSBC São Paulo

Para ter direito ao item, os fãs ficam acampados na porta, debaixo de sol, chuva e sem se alimentar direito antes da apresentação. "Como não tem horário definido para distribuição das pulseirinhas, teve dias que cheguei às 7h da manhã para um show que começaria às 19h", resume Júlia. Com a fila cheia e o início da distribuição, a confusão aumenta. "Fui levar a minha irmã, cheguei lá tinham três filas diferentes para os acessos. As duas pessoas responsáveis não souberam organizar e formou-se um grande tumulto, com empurra-empurra e meninas chorando. No final, tinha gente que chegou cedo e não pode comprar e outras que conseguiram só porque furaram a fila", relata Karina Kosokabe, 28 anos.

Benefícios

Organizado pela loja oficial da banda, a Merch Restart, os kits normalmente contém camiseta, cd, postais e pôsteres autografados pelos integrantes. Segundo o site oficial da loja, os preços variam de R$ 50,00 a R$ 80,00, de acordo com a quantidade de público e tamanho da casa de shows. "A gente faz esse tipo de 'cobrança' mais pelo lance da organização e por não poder falar com toda a galera. Na verdade, o que você está comprando são os produtos, e sem isso, não teríamos como atender todo o nosso público", enfatiza Pe Lu.

Foto: Getty Images

Vale qualquer coisa para chegar próximo da sua banda favorita

Na prática, a procura pelos fãs e a pouca quantidade de público com acesso ao camarim - os shows podem atrair até 5 mil pessoas - fazem o valor dos kits inflacionarem. Em março, no primeiro Happy Rock Sunday - festa organizada em um domingo por mês em São Paulo e Rio de Janeiro - foi cobrado R$ 50,00. Nas edições seguintes, os preços aumentaram gradativamente para R$ 80,00, R$ 100,00, chegando a última edição por R$ 150,00.

Vale a pena?

Com a pulseirinha na mão, os fãs selecionados são divididos em grupos de até 12 pessoas, visitam o camarim da banda, conversam com seu principal ídolo e o fotógrafo da banda registra o momento, disponibilizando todas as imagens no site. Tudo acontece, no máximo, em até 5 minutos. "Eu acho que se você acha caro, não precisa ir e nem ficar reclamando no camarim com a banda. Já fui três vezes e falo que valeu a pena cada segundo que passei ao lado do Pe Lanza. Faria tudo de novo por eles", declara Andréa, 13 anos.

Mas, depois dos excessivos aumentos, algumas adolescentes já repensam a visita. "Quando era R$ 80,00 valia a pena, porque você ganha um cd, camiseta, fala com eles e tira foto. Agora, R$ 150,00 eu acho muito caro porque, além disso, tem o valor do ingresso e tudo mais", assume Clarissa, 15 anos. Já para os responsáveis, a conclusão é instantânea. "Eles são inexperientes para lidar com um público tão grande e fanático, além de ser uma exploração tão grande, pois a faixa etária delas é de 12 a 16 anos e elas só ganham a mesada dos pais", ressalta Karina.

Atualizado em 1 Dez 2011.