Guia da Semana

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Com as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global, ficou muito mais difícil saber qual será a temperatura do dia. Em um curto período, é possível deparar-se com sol, chuva, vento, calor e frio. Essa instabilidade pode causar diversos danos à saúde dos seres humanos em geral, mas são as crianças que mais sofrem com as oscilações do clima, pois ainda não estão preparadas para variações bruscas de temperatura. Segundo especialistas, atualmente, entre as doenças que mais prejudicam os pequenos estão as respiratórias. Por isso, para prepará-los para essa nova realidade, é necessário adotar medidas de prevenção e inserir cuidados adicionais no cotidiano da garotada.

De acordo com Maria Cristina Duarte, pediatra e diretora médica da NeoVacinas, as alterações climáticas podem afetar a saúde das crianças se houver um resfriamento ou um aquecimento muito rápido e intenso. Ela explica que a manutenção das condições estáveis de uma pessoa depende da temperatura corporal. "O ser humano fica entre 36º e 37º. Qualquer variação pode gerar uma perturbação dos sistemas de funcionamento do indivíduo. O homem nasceu para funcionar bem em um sistema de eutermia, ou seja, em uma temperatura normal. Então, quando há um resfriamento muito rápido ou um aquecimento prolongado, o indivíduo sai do funcionamento biológico adequado. Então, o organismo sofre, pois os sistemas são alterados", explica.

Segundo a pediatra, os indivíduos vivem em um ambiente onde há vários vírus e bactérias que ficam o tempo todo em contato com o ser humano. No momento em que há esse desequilibro por causa da temperatura, esse organismos atacam, pois os sistemas ficam mais frágeis, inclusive o imunológico. Isso é mais verdadeiro quanto menor for a criança. "Quanto menor indivíduo, maior é a superfície corpórea. Quando a superfície é maior, esse desequilíbrio da temperatura é mais intenso. É por isso que os bebês sentem mais frio e ficam quentes rapidamente. Quando está muito frio, a criança se resfria rapidamente. Já quando está calor, ela se aquece com rapidez", explana.

Sistema frágil

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Para José Gabel, presidente do departamento de pediatria ambulatorial da Sociedade de Pediatria de São Paulo, as crianças são mais vulneráveis às infecções, pois o sistema imunológico delas não está totalmente formado. "Ela vai se preparando do nascimento até os 4 anos. Então, aos 4 anos, a criança já tem o sistema imunológico quase que totalmente formado. Nessa fase, ela já teve contato com diversas doenças. As defesas do organismo foram estimuladas e o corpo reagiu produzindo anticorpos", diz. Gabel explica que os familiares não devem ficar preocupados com o número de enfermidades que os pequenos sofrem durante o ano. "É normal no meio médico e científico que a criança tenha entre oito a dez infecções por ano. Este número está dentro do padrão de normalidade", alerta.

Entretanto, ele afirma que, devido às mudanças climáticas, houve um aumento das doenças respiratórias, assim como uma diminuição dos problemas gastrintestinais. "Isso pode ter acontecido devido ao desenvolvimento do país. As doenças tropicais diminuíram e as doenças de países desenvolvidos aumentaram", analisa. Para ele, entre as medidas preventivas, a primordial é uma boa alimentação. Porém, os cuidados comuns podem evitar os males causados pela variação de temperatura. "Preventivamente, é possível levar um agasalho a mais ou uma camiseta de calor para manter a criança em uma temperatura adequada. O comportamento cultural da família, que é intuitivo, pode ajudar a prevenir enfermidades", diz.

Medidas preventivas

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Segundo Maria Cristina, para prevenir doenças causas pelas mudanças de temperatura, são necessários alguns cuidados diferenciados. "Em relação ao aquecimento, em dias mais quentes, não expor a criança ao sol, colocar pouca roupa e dar muito liquido. Isso tudo para tentar manter a temperatura normal do corpo", explica. "Em relação ao resfriamento, quando os pais sentirem que o tempo está começando a mudar, é necessário aquecer a criança, para evitar a variação e manter a temperatura corporal natural, na qual os sistemas de defesa funcionam adequadamente", acrescenta.

Mas para aumentar a resistência da garotada, ela indica algumas medidas: "Ter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos ao ar livre e tomar as vacinas disponíveis fazem com que a criança fique mais resistente", afirma. No caso dos bebês, de acordo com a especialista, a melhor forma de imunizá-los é com o leite materno. "O aleitamento nos seis primeiros meses de vida também é importante para fortalecer contra as doenças infecciosas e alérgicas. Essa é a primeira e a melhor vacina", diz.


Atualizado em 1 Dez 2011.