Guia da Semana

Foto: Sxc.hu

Tem dias em que acordamos e parece que nada é capaz de dar jeito em nosso cabelo. Em outros, aparece aquela enorme espinha bem no meio da testa, ou nenhuma roupa parece ficar boa. Independente dos "problemas", a verdade é quase nunca estamos satisfeitos com nossos corpos. Mas quando o motivo de infelicidade não é passageiro como os citados, muitos recorrem a mudanças estéticas através de cirurgias plásticas.

Esse recurso médico tem sido a solução para a maioria das insatisfações que os adolescentes, principalmente as meninas, têm com o corpo. Ao lado de procedimentos como lipoaspiração e a lipoescultura, o implante de silicone é um dos mais procurados por elas. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) estima que, na última década, a quantidade de adolescentes que colocou prótese de silicone aumentou em mais de 300%.

É verdade que a cirurgia plástica pode mudar a vida de uma adolescente e trazer de volta sua auto-estima, mas, será que silicone antes dos 18 anos é uma boa saída, ou pode se tornar um motivo de arrependimento ou falsa solução para um problema maior?

A estudante Flávia Birhy, 19 anos, fez a cirurgia aos 16 anos e não se arrepende nem um pouco. Ela implantou 170 ml de silicone em um seio e 220 ml no outro, para corrigir a assimetria, e garante que o resultado foi satisfatório. "A cirurgia me ajudou em uma idade bem difícil para uma menina. De alguma forma, o silicone contribuiu para minha formação como mulher", diz.

Flávia não estava feliz com os seios, e por achar que o período dos 15 aos 17 anos é muito importante para uma adolescente, driblou o medo e decidiu fazer a cirurgia. "Para mim, era importante o bastante para não adiar. Preferi fazer na primeira oportunidade que tive. Medo a gente sempre tem, mas isso não foi mais forte que a vontade de mudar", conta.

Para convencer os pais de que o silicone era realmente importante, Flávia foi sincera. "Eu disse a eles que meus seios realmente me incomodavam e atrapalhavam minha auto-estima", diz. O pai de Flavia não foi totalmente a favor do procedimento, mas a mãe autorizou e até acompanhou a filha nas consultas e na cirurgia.

Foto: Arquivo Pessoal
Flavia colocou silicone aos 16 anos

Para muitas pessoas, a decisão de Flavia era absurdo, assim como a permissão da mãe. "Muita gente dizia que eu era muito nova e que era perigoso. Mas depois só recebi elogios e abri a cabeça de muitas mães de amigas minhas, que acabaram colocando silicone também", conta.

Para aquelas que já se animaram com a possibilidade de turbinar os seios, Flavia alerta: "Você precisa saber se isso é algo que realmente te incomoda ou se é só mais uma modinha da qual você quer participar".

Carolina Gontijo, estudante de psicologia, colocou 225 ml de silicone quando tinha 17 anos. Hoje, com 20, ela diz que, com certeza, faria tudo de novo. "Depois da cirurgia, fiquei mais tranqüila, segura e comunicativa". No entanto, o motivo pelo qual Carolina optou pelo implante não foi apenas a estética. "Eu tinha excesso de pele e o formato dos meus seios não era bonito", conta.

Carolina não teve medo na hora de fazer a cirurgia porque estava bem segura do que queria e, além disso, o apoio dos pais foi fundamental. "Eu gostaria que meus seios ficassem o mais natural possível e consegui. Sei que o apoio dos meus parentes foi importante". Quanto à opinião dos outros, ela conta que sabe que algumas pessoas não concordam, mas, no fim, todo mundo entende que a cirurgia foi por necessidade e não futilidade.

O caso de Cristina Lopes, 19 anos, foi parecido com o de Carolina. A estudante de enfermagem era gordinha e tinha seios muito volumosos. "Depois que emagreci quase 20 quilos, meus seios ficaram flácidos e aí surgiu o desejo de fazer a cirurgia".

O complexo começou a prejudicar Cristina, que passou a deixar a vida social de lado. Por isso, aos 17 anos, ela tratou de convencer os pais e implantou 195 ml de silicone em cada seio. "Foi mais difícil de convencer meu pai. Minha mãe sempre me apoiou, mas não tinha condições de pagar", diz.

Realizada e com a auto-estima recuperada, Cristina conta que não tem nenhum arrependimento, mas avisa que, depois do procedimento, nem tudo são flores. "É preciso se informar sobre os cuidados pós-operatórios, que são muito importantes. E antes de se submeter à cirurgia, tem que estar ciente dos riscos e eventuais problemas", diz.

O silicone pode até "salvar" a auto-estima de muita gente, mas, mesmo assim, ainda tem quem não goste da idéia. A estudante de jornalismo, Bárbara Moreira, 21 anos, é totalmente contra o silicone. "Baixa auto-estima é algo muito mais profundo do que a simples preocupação com a estética. Já tive problemas com o meu corpo, mas nunca recorri a uma intervenção cirúrgica. Sabia que o problema estava na minha cabeça", justifica.

Bárbara não entende como os médicos permitem que meninas menores de 18 anos realizem a cirurgia. "Quando menor, eu não tinha seios e eles se desenvolveram lá pelos meus 17 anos. Hoje em dia, eles são relativamente grandes. Imagine se eu tivesse colocado silicone?", comenta.

Entre os meninos, o silicone também não é unanimidade. Voltaire Medeiros, 19 anos, não é a favor do implante de silicone, muito menos antes dos 18. "Nessa idade, o corpo das mulheres nem está 100% formado. Fora a auto-estima, não acredito que a cirurgia plástica traga alguma mudança para a vida de uma pessoa".

Foto: Arquivo Pessoal
Rodrigo é a favor do silicone

O diretor de comunicação digital, Rodrigo Teixeira, 21 anos, diz que a garota "não pode ter aquela coisa enorme, mas também não rola de ter peitos muito pequenos". A favor do silicone, Rodrigo acredita que toda mulher deve estar satisfeita com o próprio corpo, mas tem que tomar cuidado com os exageros. "Às vezes, o implante é desnecessário, daí fica parecendo atriz pornô", brinca.

Enquanto algumas põem, outras tiram
Em algumas meninas, seios pequenos causam complexo e o silicone é uma ótima saída. No entanto, peitos grandes demais também podem ser motivo de baixa auto-estima e até problemas na coluna. Nesses casos, a cirurgia plástica é praticamente a única solução.

A vendedora de carros Veridiana Falbo, 24 anos, fez a redução de mamas aos 17. Ela sonhava com a cirurgia e, para realizá-la, contou com o apoio total dos pais. "Além das dores nas costas, eu me sentia mal quando saía na rua e ouvia piadinhas por causa do tamanho dos meus seios. Cheguei a chorar por causa desse tipo de coisa", conta a vendedora, que vivia de camisetas largas e não usava, em hipótese nenhuma, roupas que marcassem o corpo.

Foto: Arquivo Pessoal
Veridiana fez a redução de mamas

Depois da cirurgia, Veridiana recuperou a auto-estima e passou a se achar mais bonita. "Comecei a me amar mais como mulher", diz. Ela faria de novo o procedimento e diz que seu único arrependimento foi não ter reduzido um pouco mais. "Queria ter tirado mais, mas agora até que estou na moda. Afinal, muitas mulheres estão colocando silicone, né?", brinca.

A estudante Estela Andrade, 16 anos, reclama dos seios grandes e diz que decidiu fazer a redução quando tinha 14 anos. "Não posso usar certas roupas, que chegam a ficar vulgares. Além disso, para praticar esportes é incômodo", conta.

Por recomendação médica, Estela vai fazer a cirurgia quando completar 18 anos. Socialmente, ela acredita que o procedimento não trará muitas mudanças, mas sabe que depois da redução de mamas vai se sentir mais segura em relação ao próprio corpo.



Antes de pensar no silicone, você precisa...
? Saber se é isso que você realmente quer
? Saber se o implante de silicone vai realmente te ajudar a superar seus complexos
? Conversar bastante com seus pais, saber o que eles acham e porquê
? Se informar sobre os riscos da cirurgia, como infecções e contratura capsular
? Se informar sobre os cuidados pré e pós-operatórios
? Entender que seu corpo pode não estar 100% formado e, por isso, consultar o médico é imprescindível
? Procurar um bom cirurgião, que te passe segurança
? Pedir recomendações de cirurgiões para quem já passou por esse tipo de procedimento
? Pedir a opinião de mais de um médico
? Pesquisar o cadastro dos médicos consultados no SBCP


Atualizado em 1 Dez 2011.