Guia da Semana

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Sempre prezei muito as amizades verdadeiras e por isso costumo ter poucos e bons amigos para compartilhar tudo - inclusive os meus defeitos e erros. A maioria das pessoas limita-se a dizer o que a gente QUER ouvir, que nem sempre (ou quase nunca) é o que a gente PRECISA ouvir. Amigo que é amigo olha nos seus olhos e diz, sem pestanejar: "Não concordo, você está errado!".

Não é fácil ser confrontado. Eu mesma não sei lidar muito bem com isso; respondo, falo mais alto, me justifico, crio argumentos e tento provar que estou certa. Mas quando me acalmo, as palavras sinceras voltam à mente e penso sozinha, quase escondida: "E não é que o filho da mãe tem razão?". De que adianta dizer apenas coisas amenas e boas de escutar, mas que no fim não acrescentam nada? Precisamos ser colocados de frente com nossos problemas e ninguém melhor do que os amados amigos para falar com franqueza e nos ajudar a ver aquilo que escondemos até de nós.

Já fui muito criticada por falar verdades - confesso que às vezes ultrapasso a barreira da noção e sou crítica demais. Se uma amiga me perguntar: "Como está meu cabelo?", e a situação não estiver muito boa nas madeixas, eu respondo: "Tá meio palha, né? Porque você não corta as pontas?". Haja paciência comigo! Claro que é preciso ter intimidade para isso, e eu preciso realmente me importar muito com ela para falar uma coisa dessas, porque se ela não gostar muito de mim provavelmente nunca mais vai olhar na minha cara.
Apesar do exemplo do cabelo ser besta, procuro dizer as coisas que precisam ser ditas, mesmo causando algum desconforto. Respeito as pessoas e escolho um momento apropriado para falar as verdades (se ela estiver chorando, não vou dizer de cara que ela pisou na bola mesmo e que isso não se faz), mas nem todos os amigos dão tanto valor à amizade a ponto de dizer coisas duras e importantes. Na hora pode parecer horrível, mas depois vemos que é para o nosso próprio bem e agradecemos de coração pela sinceridade rara e extremamente necessária. Só assim podemos refletir, ponderar e ser cada vez melhor.

Leia as colunas anteriores de Fernanda Carpegiani:

Ame-se primeiro

Busca pela identidade

Saia do sofá

Quem é o colunista: Fernanda Carpegiani - Uma jovem cheia de energia, que aproveita a vida de uma forma intensa e particular.

O que faz: Jornalista apaixonada.

Pecado gastronômico: Batata frita.

Melhor lugar do Brasil: Ubatuba - São Paulo.

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.