Guia da Semana

A fisioterapeuta Fernanda Garlando em sessão com sua paciente


Equoterapia, também conhecida como hippoterapia, é um tratamento indicado a pessoas com problemas motores ou comportamentais, como crianças autistas, com síndrome de down ou que por alguma razão não conseguem se movimentar.

O cavalo media a relação entre médico e paciente, tornando as sessões muito mais atrativas para os pequenos do que, por exemplo, os exercícios tradicionais da fisioterapia. Segundo o psicólogo Amauri Ribeiro, "Quem trabalha com a equoterapia vive em estado de comoção. Crianças chegam em cadeiras de rodas e depois já conseguem levantar o tronco, realizar movimentos simples e, algumas vezes, voltam a andar. "Vemos cenas muito tocantes", mas, isto não é milagre, durante as sessões, o cérebro é estimulado e o aprendizado motor é facilitado.

Muitas indicações

O principal fator que colabora para a melhora do paciente é a movimentação da pélvis do cavalo durante o andar, "esse movimento tem um efeito terapêutico, pois é muito similar ao movimento da pélvis de uma pessoa durante a marcha humana normal", diz Fernanda Garlando, co-fundadora da Associação Brasileira De Hippoterapia E Pet Terapia. E o psicólogo completa, "a pessoa começa a ver o mundo de maneira diferente, com mais agilidade. É como se as pernas do cavalo fossem suas pernas e ela consegue ´andar´ pela primeira vez. Além disto, na nossa cultura, o cavalo simboliza poder, força, agilidade".

Para crianças autistas os benefícios acontecem no contato com o animal, pois há envolvimento afetivo, concentração e interação. Segundo Amauri, "o trabalho com autistas é muito intenso e eficiente, melhora a independência, a comunicação e o relacionamento com as outras pessoas". A especialista completa, "É oferecida ainda uma gama de estímulos sensoriais, favorecendo a conscientização corporal, a melhora do tônus muscular, equilíbrio, e aperfeiçoamento da coordenação motora".

Time

Por se adequar a diversas patologias, o processo conta com uma equipe transdisciplinar que é montada de acordo com as necessidades da pessoa, onde profissionais atuam simultaneamente junto ao paciente. Geralmente, o grupo é formado por psicólogo, fonoaudiólogo e equitador. Esta equipe coesa também serve para dar sensação de estabilidade, segurança e afeição para a criança.

Mas, não é qualquer cavalo que pode ser usado na prática do tratamento, precisa ter um temperamento dócil e deve ser domado sem violência. Outro fator importante é a formação física do animal, deve ser um cavalo de trote e com anatomia simétrica. Além disto, na hora de escolher um local para fazer o tratamento, também é importante olhar a estrutura do estabelecimento e as certificações dos funcionários que lidam com a criança.

Custo

Estes cuidados não significam custos adicionais, necessariamente. Um exemplo disto é o trabalho de Fernanda. Sua associação é uma ONG reconhecida e presta serviços itinerantes em Cotia e Santana de Parnaíba. O serviço é gratuito e conta com apoio de patrocinador, voluntários e colaboradores.

Amauri é diretor da Equovida, uma entidade também sem fins lucrativos que atua no Rio de Janeiro. Alguns pacientes têm bolsa parcial e cerca de 20% contam com isenção total de custo. A entidade funciona sem subsídios do governo, apenas com o dinheiro arrecadado pelas consultas pagas, cerca de 40% dos atendimentos. O valor integral da sessão é R$ 100,00. "Antes, a Polícia Militar tinha Quartel de Cavalaria que oferecia seus animais para o atendimento. A gente até ajudou a treinar os cavalos, mas, o governo do estado não quer mais investir, não consegue nem manter os hospitais públicos!", desabafa o psicólogo.

No estado de São Paulo, o Regimento de Cavalaria 9 de Julho da Polícia Militar possui um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Equoterapia. O espaço foi montado atendendo a todas as solicitações da ANDE Brasil, (Associação Nacional de Equoterapia), em Brasília, órgão administrado por militares da reserva que buscam regulamentar a hipoterapia.

História

O exército tem grande experiência com a equoterapia, afinal, foi quem trouxe e divulgou o tratamento por aqui. A técnica de terapia assistida por animais começou 1792, na Inglaterra. Chegou ao Brasil por volta de 1970 e, em 1997, foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como método recomendável para reabilitação de pessoas com necessidades especiais.

Importante

Apesar de trazer muitos benefícios, é fundamental frisar que o tratamento precisa ser indicado por uma equipe médica. Uma vez prescritas, as sessões devem ser em locais idôneos e bem estruturados. Sobre isto,a ANDE até lançou um comunicado em sua página na web que alerta o público sobre charlatanismo nesta área. Além disto, a associação também disponibiliza uma lista com os centros certificados de todo o país. Clique aqui para conhecer

Fontes:

Dr. Arruda
Neurologista infantil
Telefone: (16) 3911-9234 Amauri Ribeiro
Psicólogo
Equovida
Telefone: (21) 2449-2935

Fernanda Garlando
Fisioterapeuta especializada em neurologia
Associação Brasileira De Hippoterapia E Pet Terapia
Telefone: (11)9609-9092

ANDE Brasil
Associação Nacional de Equoterapia
Telefone: (61)3468-7092

Atualizado em 6 Set 2011.