Guia da Semana

São Paulo é uma cidade lírica, polo efervescente de cultura e artes e vivenda da literatura. Nos versos de Adoniran Barbosa, Caetano Veloso, Tom Zé, Engenheiros do Hawai, Rita Lee e tantos outros compositores, a metrópole virou música. Já pelas mãos de outros artistas, foi retratada em fotografia, quadros e objetos de arte.

Não é à toa que muitos literatos e profissionais ligados à área fizeram dela sua morada, a qual serviu de inspiração para poemas, teatros, bibliotecas e lugar de prosa por entre suas livrarias, seus bares e centros culturais.

Assim, o Guia da Semana lista 10 deles que você deveria ler. Confira:

PORTAS DE SÃO PAULO

Com fotografias que procuram revelar os detalhes de portas de edifícios históricos do centro paulistano, esta publicação traz textos do arquiteto Nelson Dupré que situam as edificações e suas portas de acesso no contexto histórico da cidade, classificando-as também de acordo com os estilos arquitetônicos. Na introdução, Dario explica a ideia do projeto, um par de décadas atrás, quando diariamente visualizava essas portas ao transitar pelo centro para encontrar sua mulher. A emoção daquela época de paixão foi despertada pela busca de um amigo por alguma publicação sobre portas que pudesse ser referência para um trabalho de marcenaria, quando concluiu que não havia obra do gênero em português. Foram dez meses de trabalho, primeiro os passeios, depois a avaliação, decisões, sessões de fotos e a edição.

ROTAS LITERÁRIAS EM SÃO PAULO

A paixão pelas letras unida ao espírito investigativo da autora Goimar Dantas faz deste livro um dossiê completo sobre as rotas literárias de São Paulo, minuciosamente selecionadas para compor esta publicação. Aqui estão reunidas informações sobre a história dos locais, casos curiosos que neles aconteceram, fotografias e entrevistas com escritores, livreiros, editores, críticos literários e gestores culturais que participam do cenário literário da capital paulista. São 21 rotas que o leitor poderá conhecer ou rememorar sob um olhar lírico e poético. Por quantos lugares não passamos e por desaviso não sabemos de sua importância histórico-literária para a cidade? Por meio deste livro-guia, você descobrirá onde a literatura pulsa em São Paulo, como se estivesse tomando um café com os principais expoentes dessa área.

CONTE SUA HISTÓRIA DE SÃO PAULO

O livro é uma reunião de 110 textos separados em doze capítulos, que apresenta a criatividade do cidadão e ilustra as várias faces da cidade com suas belezas, seus problemas e sua diversidade. A obra é derivada do quadro de mesmo nome veiculado no programa CBN São Paulo, rádio CBN, e é organizado pelo apresentador e jornalista Milton Jung. 'São Paulo é o cenário que une tantas histórias e povos... Mas, são as pessoas que mais fascinam. Os relatos de lendas e histórias transmitidas de geração a geração, os segredos guardados em documentos de família e acontecimentos inusitados revelam as riquezas dessa cidade', diz o jornalista. Em suas páginas, há textos simples e curiosos vindos dos quatro cantos da cidade, passados, por exemplo, nos bairros de São Miguel Paulista, Casa Verde, Vila Mariana, Bexiga, Jardins e Campo Limpo. Alguns deles retratam reencontros, tristezas, alegrias, recheados de saudosismo e linguagem simples e, muitas vezes, poética.

SÃO PAULO - CIDADE E ARQUITETURA - UM GUIA

O Guia apresenta um panorama da arquitetura produzida em São Paulo, desde os significativos remanescentes da vila colonial até os colossais arranha-céus contemporâneos. Para tanto, um grupo formado por arquitetos e pesquisadores fez o levantamento, identificação e catalogação de cerca de 280 obras arquitetônicas da capital paulista. Pioneiro em sua essência, o guia é dividido em cinco capítulos, em função das grandes mudanças ocorridas e as novas condições urbanas de cada período. Textos, imagens e mapas revelam a sobreposição das infraestruturas e estilos, prestam-se a facilitar a chegada e a visitação em percursos e a fruição das obras na paisagem e no uso da cidade.

O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO

No Japão da Segunda Guerra, um triângulo amoroso envolve Michiyo, Jokichi e Masukichi - uma moça de boa família, um filho de industrial e um ator de kyogen, o teatro cômico japonês. À primeira vista, isso é tudo que Setsuko, a dona do restaurante japonês, tem a contar. Mas logo a trama se complica e se desdobra em outras mais, passadas e presentes, que desnorteiam o narrador involuntário, agora compelido a um verdadeiro trabalho de detetive para completar a história em que se viu enredado. Pois o relato aponta para além do desejo, da humilhação e do ressentimento amorosos, e se vincula aos momentos mais terríveis da História contemporânea - tanto do Japão como do Brasil. Obra sem fronteiras, que une a Osaka de outrora à São Paulo de hoje, e esta à Tóquio do século XXI, o romance de Bernardo Carvalho entrelaça tempos e espaços que o leitor julgaria essencialmente separados - e nos quais a prosa de ficção brasileira não costuma se arriscar.

SAUDADES DE SÃO PAULO

Uma cidade em que o gado convivia com carros e bondes nas ruas; em que construções moderníssimas despontavam no topo de colinas ainda rústicas; em que lençóis caseiros, pendurados nos varais, formavam o primeiro plano para o imponente prédio Martinelli. Essa a paisagem que Claude Lévi-Strauss, então um jovem professor e fotógrafo nas horas vagas, encontrou e registrou fascinado entre 1935 e 1937, quando veio trabalhar na Universidade de São Paulo. Sessenta anos mais tarde, ciente de que uma cidade é 'como um texto que, para compreender, é preciso saber ler e analisar', o antropólogo escreveu um depoimento em que revisita essas imagens.

SÃO PAULO, CIDADE INVISÍVEL

Os textos deste livro falam sobre São Paulo com grande lirismo. O puro encantamento dessa prosa não é, entretanto, tudo o que o livro de Marcílio Godoi tem a nos propor. Trata-se de montar, em cada cena, em cada personagem, que passa diante de nossos olhos, não pequenas 'jóias' da literatura urbana, mas pequenas e precisas bombas-relógio. É preciso esperar até as últimas linhas de cada texto para perceber que, sob uma corrente extremamente controlada e poética, uma inquietação crítica o organizava sutilmente. O humanismo deste livro se afirma numa espécie de precisão calma do olhar, sempre solidário, mas que não cede nunca a efusões superficiais. É o humanismo de um verdadeiro artista.

SÃO PAULO PARA APAIXONADOS

Os edifícios, o trânsito caótico e a correria diária fazem São Paulo parecer uma cidade dura e fria. Apague tudo isso de sua cabeça - apesar desse jeitão, o que você encontra aqui é uma metrópole acolhedora, que favorece relacionamentos românticos e até mesmo apimentados. Tem de tudo para quem quer entrar no clima - bares, cafés, centros culturais, chás da tarde, restaurantes exóticos, praças, jardins, serenatas com queima de fogos, passeios de helicópteros. Ah, você está sozinho? No 'São Paulo para Apaixonados' você vai encontrar os lugares ideais para achar sua cara-metade.

SÃO PAULO EM VINTE ARTISTAS

Ilustrações, pinturas, colagens e fotografias. Com a proposta de mostrar o trabalho de jovens criadores, todos na faixa entre 25 e pouco mais de 30 anos, 'São Paulo em Vinte Artistas' reúne obras desses talentos que fazem sua leitura particular da cidade. Convidados pelo organizador da obra e pelo grupo Coletivo Base-V, não houve nenhum tipo de briefing; os artistas e grupos reunidos tiveram como única recomendação retratar São Paulo à sua maneira.

SÃO PAULO - CIDADE AZUL

Escrita numa linguagem poética, inspirada pelas imagens e sensações evocadas pelos filmes em que se debruça, a análise de Andréa procura dar maior complexidade ao olhar antropológico, uma vez que busca decifrar a representação da cidade feita por cineastas paulistas dos anos 1980. Cinema e mito podem aqui ser vistos como modos semelhantes de lidar com o tempo e suprimi-lo. Nos filmes, realidade e experiência são recriados. Ao percorrer a São Paulo que estes filmes descortinam, a autora visa transformar essa cidade fílmica em um mundo etnográfico, onde são inúmeros os enigmas. A São Paulo que ela descobre nos filmes deve ser uma São Paulo Azul, uma cidade noturna, em que o trabalho parece não ter vez, são muitos os submundos, pequenas joias podem surgir de um amontoado de lama, imagens de ordem e poder parecem virar panos de fundo para becos, ruelas, espaços de contravenção. A cidade tem corpo e pelas lentes da câmera é enquadrada; há um primeiro plano, planos gerais, uma cidade que em alguns de seus fragmentos é espetacularizada, em outros estereotipada, em outros vivida com afeto na vida de cada um. No cinema estes espaços podem adquirir uma dimensão temporal e ecoar no imaginário, onde a cidade vivida se mescla a uma cidade imaginada ou sonhada.

Por Nathália Tourais

Atualizado em 14 Out 2016.