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No dia 21 de junho, terça feira, às 20h, a programação Terça Tem Teatro, do Itaú Cultural, apresenta A Geladeira, peça da Cia AntiKatártiKa Teatral, com texto do dramaturgo argentino Copi – pseudônimo de Raúl Damonte Botana (1939-1987) – e direção do brasileiro Nelson Baskerville. ​Sozinho em cena, o ator Fernando Fecchio interpreta “L”, um homem que acorda na manhã do seu 50º aniversário e se depara com uma geladeira no meio da sala. Dela, ele vê saltar figuras do seu passado, como a mãe, a empregada, a psicanalista e o cachorro. A trama gira em torno de uma existência humana que se recusa a se fixar em um único lugar e na qual os papeis sociais, a sexualidade e a subjetividade aparecem em pleno trânsito.

O viés surrealista, o humor e a violência transgressora característicos da obra de Copi estão presentes em cena como uma crítica à sociedade contemporânea. O dramaturgo, que levou às suas direções e atuações, histórias e situações reais, vividas por ele ou por pessoas próximas, mantém o exagero como traço fundamental de seus personagens, levando a realidade de forma aumentada para o palco.

A concepção visual do espetáculo dialoga com a estética do fotógrafo americano David Lachapelle, em uma cenografia com cores fortes e vibrantes, a começar pelo objeto que dá nome ao espetáculo, em modelo vintage e na chamativa cor vermelha. Ao lado de outros elementos, cria uma atmosfera onírica, cômica e decadente. Ainda dentro dessa proposta estética, a trilha sonora é composta por hits do cantor Barry Manilow, do Queen e da Love Unlimited Orchestra, criada pelo cantor romântico Barry White.

O ativismo de Copi no movimento LGBT, sua radical liberdade criadora, seu questionamento sobre a condição humana e sua obra tanto irônica, ácida e feroz quanto com amor, prazer e melancolia, acabaram por fazer com que a direção do espetáculo A Geladeira ficasse a cargo do premiado Nelson Baskerville. Desde o sucesso do documentário cênico Luis Antonio-Gabriela –sobre o irmão mais velho do diretor, que nos anos 1960 partiu para a Espanha sob o nome de Gabriela, e que vai reestrear dentro da programação Todo os Gêneros, no Itaú Cultural –, o diretor tem trabalhado em projetos de cunho biográfico e político, em uma carreira que vem sido reconhecida e consolidada pelo seu olhar para extremos sociais e de comportamento. Baskerville viu na obra de Copi uma potência e urgência em tempos de tamanha intolerância gerada pela homofobia.