Guia da Semana

Com os olhos vendados, você entra em uma sala. Poesias são recitadas nos seus ouvidos. Conduzido por alguém que você não conhece, logo sente algo passando por cima de sua cabeça. Mais poesia. Novos odores. Um caminho desconhecido. O que parecia ser o roteiro de um sonho é, na verdade, a peça de teatro Kinema, do Grupo Sensus, um espetáculo bem diferente, que está em cartaz no espaço Del Gusta, na Consolação.

O espetáculo é dividido em estações, para mostrar ao espectador as várias fases do roteiro. Assim que ele entra, é vendado e conduzido pelo local, onde entra uma pessoa por vez e fica aproximadamente dois minutos em uma das estações. O objetivo é mostrar a importância do movimento na vida humana. "É o movimento físico, mas especialmente o mental: o que nos move a fazer as coisas e como podemos nos movimentar. Acaba sendo uma ´chacoalhadinha´", conta a diretora do grupo Thereza Piffer, que também elabora o enredo e ensaia os atores.

No fim da peça, que dura aproximadamente 45 minutos, a pessoa ainda bebe um drinque sensorial, nas palavras de Thereza: colorido, leve e que tem até fumaça. "A pessoa sai transformada. Tem gente que nem quer conversar no fim, porque ainda está impressionada", diz. As apresentações são somente às quintas, e até nos horários ela é inusitada: acontecem das 21h às 23h. "Em São Paulo, o trânsito atrapalha. Aí a pessoa chega nesse horário e já vai entrando, porque a peça é para ela. Então ela nunca perde nada", diz.

A ideia, tanto do Kinema quanto das outras apresentações do grupo - que não se chama Sensus à toa - veio da sugestão de um projeto de um banco para levar a literatura além do papel, de maneira a criar uma forma de as pessoas se interessarem pelos textos. "A grana também estava curta... Foi quando eu pensei em vendar os olhos das pessoas e fazer uma performance sensorial, que acabou dando nome ao primeiro espetáculo", conta. Desde então, suas obras sempre são baseadas em alguma experiência que tira os olhos da jogada e envolve nossos outros sentidos.

A diretora, carioca de nascimento mas paulista de coração, tem mais de 30 anos de carreira e as ideias para suas novas produções surgem de onde ela menos espera. Sua próxima peça já tem até nome: Aqua. E, sim, vai ser na água mesmo. "Uma vez vi uma piscina em um lugar e pensei: ´por que não fazer um teatro dentro d´ água?´". Definitivamente, uma experiência que é assiiiim... uma Brastemp: aguçando os seus sentidos.

Mapa do local

Teatro no escuro

Preço(s) R$ 40 (R$ 20 meia entrada).

Horário(s) Das 21h às 23h.

Endereço
Rua Augusta, 902, 01304-001