Guia da Semana

“Deu no jornal. O mundo acaba amanhã. Pensa em ligar pra ela, encontrar, aproveitar esse tantinho de vida. Nem a pau. Ela que ligue.” Esse é o texto de um dos muitos cartazes que a cineasta Laura Guimarães espalhou pela cidade de São Paulo com o seu projeto Microrroteiros da Cidade.

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A intervenção tem como objetivo descrever cenas curtas, com até 140 caracteres, em folhetos coloridos que ficam pendurados em postes ou pontos de ônibus. Mas com a chegada do dia 21 de dezembro, o Fim do Mundo, a artista resolveu criar uma nova versão de seu projeto batizada de Microrroteiros para o Fim do Mundo.

O Guia da Semana conversou com a Laura Guimarães que explicou um pouco de seu trabalho.

Como começou o projeto

"Tudo começou em 2009. Sou formada em cinema e sou especializada em roteiro. Eu comecei a tentar buscar um exercício de criatividade para mim. Ai, eu observava historias na rua e escrevia algumas pequenas intenções de texto. Eu queria fazer algo que criasse uma cena na cabeça das pessoas.

Em 2010, eu quis dar um passo a mais. Expandir um pouco mais o projeto. Como eu adoro arte de rua foi um caminho natural. Torna tudo mais acessível. Ai eu comecei a pendurar os microrroteiros em pontos e ônibus, onde as pessoas ficam paradas muito tempo, e em alguns postes que elas fossem encontrar pelo caminho.

Como eu não sou grafiteira eu pensei em algo que pudesse fazer sozinha, sem grandes produções. Eu imprimo em A4 mesmo, sem ter que ir para a gráfica. Eu costumo contar uma cena direta. É o suficiente para dar algo para as pessoas imaginarem. O foco deles não precisa ser grande, precisa ser intima."

Microrroteiros para o Fim do Mundo


"Já estou trabalhando faz algum tempo e vi que vários dos meus microrroteiros espalhados pela cidade contavam histórias tristes. E se o mundo fosse acabar, queria que as pessoas lembrassem de coisas boas.

Minha idéia é, daqui até o fim do ano, espalhar pela cidade lambe-lambes só com histórias positivas ou para dar risadas. Para que, se o mundo acabar mesmo, as pessoas só tenham boas lembranças."

Mais amor por favor


"Sou uma pessoa a favor da arte de rua. Chegamos num ponto de loucura tão grande em São Paulo que tem gente que demora três horas para chegar no trabalho. Esse stress é tanto, que é necessário colocar uma intervenção, arte ou desenho, que traga outro sentimento no meio do caminho.

Algo que ajude a dar um outro respiro e ajudar as pessoas se questionarem. Senão a rotina fica muito dura. Estou super feliz com estes movimentos (Como o Mais Amor por Favor, “Aqui o tempo parou”, entre outros). É algo necessário para o ser humano."

O futuro dos microrroteiros

"A experiência dos micros está sendo muito intensa para mim. Esta troca com as pessoas é algo muito valioso. A idéia é que em 2013 eu faça mais intervenções e as pessoas encontrem suas historias na rua. Eu também quero fazer um livro. Tenho uma idéia de como o faria, mas não comecei a percorrer este caminho ainda."

Por Edson Castro

Atualizado em 23 Dez 2012.