Guia da Semana

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Em dezembro de 2002, quando o Ibovespa estava na casa dos 10 mil pontos, existiam 85 mil pessoas físicas com cadastro na Bovespa. Quando o índice atingiu 70 mil pontos, já eram 500 mil investidores. Este expressivo aumento no número de investidores coincidiu, e muito provavelmente foi também causado, pela expressiva valorização das cotações no período.


Na crise do último ano, muitos destes investidores entraram em pânico com a queda no preço das ações. Evidentemente, os investidores que precisam vender as ações naquele momento tiveram motivos para grande preocupação. Porém, como é quase consenso entre os analistas, somente a poupança de longo prazo deve ser investida na bolsa e, de preferência, aquela quantia que possa ser submetida a um plano de investimentos constante. Os investidores que entraram na bolsa com objetivo de formar essa poupança de longo prazo não devem ficar chateados com as quedas. Deveria, ao contrário, comemorar.


Imagine que você quer comprar um novo televisor e vê que o preço caiu. Como vai se sentir? Triste? Acredito que não. Só deve ficar triste quem tem que vender o televisor. Francamente, tenho muita dificuldade para entender as pessoas que estavam totalmente animadas com a bolsa há poucos meses e que agora estão desesperadas.


Claro que aqueles que compraram ações em maio do ano passado, na esperança de apurarem rapidamente os lucros vendendo os papéis, tiveram na crise muitos motivos para preocupação, pois o dinheiro pode demorar vários anos para ser recuperado. Portanto, só deve ficar preocupado quem iniciou os investimentos com objetivos errados.


Só existem dois motivos para alguém investir dinheiro em uma ação. O primeiro é a esperança de conseguir vender a mesma ação por um preço superior depois. A esperança de lucro precisa ser superior àquela que o investidor teria caso aplicasse a quantia em um título de renda fixa. Este investidor deve confiar em sua habilidade de prever o comportamento do mercado, pois ele só ganhará dinheiro se comprar na hora certa e também vender no melhor momento.


O segundo motivo para se comprar uma ação é a expectativa de participar dos lucros da empresa que emitiu os papéis. Vale repetir uma lição básica: ação nada mais é do que um pedaço de uma empresa. Portanto, se você comprou uma ação, comprou uma parte de uma empresa. Tornou-se sócio dela.


Quando existe uma recessão, as perspectivas de lucros futuros das empresas reduzem e, teoricamente, este deveria ser o motivo para a queda dos preços das ações. Porém, quando os preços das ações caem, o retorno por cada real investido acaba sendo também maior.


Sendo assim: será que as expectativas de lucros futuros das empresas brasileiras se reduziram na mesma proporção das quedas das cotações nos últimos meses? Acho difícil. É provável que enfrentemos uma recessão. Mas, com certeza, ela não durará para sempre. Depois da crise, os lucros das empresas devem voltar a crescer. Mesmo durante a recessão, as empresas podem aproveitar excelentes oportunidades para comprar ativos com bons preços.


Os grandes bancos brasileiros, por exemplo, têm atualmente uma situação invejável em termos de liquidez. Eles podem comprar instituições estrangeiras ou pequenos bancos brasileiros a preços de ocasião. Portanto, a queda só deveria despertar o interesse de comprar mais ações, nunca de vendê-las.


A melhor forma de o investidor individual ganhar dinheiro na bolsa de valores é separando uma parte da renda, todo mês, e aplicando a quantia em uma carteira diversificada com ações de sólidas empresas.

Quem é o colunista: Sou um educador apaixonado pela vida. Adoro viver bem e detesto qualquer tipo de desperdício em especial o desperdício de tempo, pois quem desperdiça tempo desperdiça a própria vida.
O que faz: Sou professor do Departamento de Engenharia do Conhecimento da UFSC e autor dos livros A árvore do dinheiro (Ed Campus) e O tempo na sua vida (Ed Saraiva).
Pecado gastronômico: Estragar uma boa fome com uma comida ruim.
Melhor lugar do mundo: Muitos são os "melhores lugares do mundo" pois o mundo é um bom lugar. Mas cada vez mais gosto de ficar em lugares com poucas pessoas queridas onde eu possa realmente aproveitar cada gota desta convivência. Atualmente este lugar e é sacada do meu apartamento em Bruxelas onde com calma convivo com a meus filhos e minha mulher.
Fale com ele: www .edufinanceira.org.br


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Atualizado em 6 Set 2011.