Guia da Semana

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A ideia é simples: acumular recursos para garantir uma boa renda mensal no fim da carreira profissional. A previdência privada ganhou força nos últimos anos por encher os olhos com estimativas positivas de ganhos na aposentadoria. De acordo com um levantamento da Superintendência de Seguros Privados do Ministério da Fazenda (Susep), em maio de 2009 o país contabilizava mais de 9 milhões de pessoas investindo no segmento.

Mas a grande dúvida de quem pensa em fazer um plano de previdência é se realmente vale a pena. De acordo com o consultor financeiro Alexandre Lignos, é preciso pensar muito bem antes de investir. "Por ser um plano de muitos anos, o participante deve ter certeza de que não vai precisar do dinheiro a curto prazo", salienta.

Outro fator que deve ser levado em consideração é a idade. O corretor Cristian Vagner Camossato afirma que quanto mais jovem for o contribuinte, mais rentabilidade a previdência pode trazer. "Se a pessoa começa a contribuir aos 20 anos, por exemplo, há mais tempo para fazer investimentos agressivos, que geram mais ganhos. Então, no final do plano, com certeza vai ganhar mais", explica.

Entenda os planos

Existem dois principais planos de previdência: o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). Nos dois casos, você pode acumular recursos por um prazo estipulado. Durante esse tempo - 20 anos, por exemplo - todo o dinheiro investido vai sendo aplicado pela seguradora contratada e gerando a rentabilidade prevista no contrato. Você pode escolher qual tipo de aplicação prefere, como conservadora (em renda fixa), moderada (renda fixa e até 15% de renda variável) ou agressiva (com até 45% de renda variável).

A grande diferença entre os planos é a forma de pagar o Imposto de Renda (IR). O PGBL é um plano que oferece uma série de vantagens. Uma delas é que você não tem de pagar o IR todos os meses sobre a sua rentabilidade, o que ocorre na aplicação em fundo comum. Nesse plano, o imposto só é pago quando se faz um resgate. Além disso, você pode deduzir o valor das contribuições da sua base de cálculo do IR, com limite de 12% da sua renda bruta anual. Assim, poderá reduzir o valor do imposto a pagar ou aumentar sua restituição. Vale lembrar que o IR só é pago no caso de resgate ou de pagamento do benefício.

O VGBL, por sua vez, funciona mais como uma aplicação normal, na qual o dinheiro fica preso durante um período determinado e você pode sacar algumas vezes por ano, conforme o contrato. O Imposto de Renda só será pago pelo lucro, ou seja: se o contribuinte aplicou R$ 10 mil e rendeu R$ 1 mil, o total é R$ 11 mil, mas o IR só é pago sobre os R$ 1 mil de lucro.

Formas de benefício

Ao contratar qualquer plano, é preciso escolher o tipo de benefício você quer receber no final do acordo. O mais comum é o vitalício, que prevê uma retirada mensal. Nesse caso, o corretor Cristian Vagner Camossato explica que há possibilidade de, em caso de morte, transferir o benefício para o cônjuge, com continuidade aos filhos menores de 21 anos. Para esse tipo, o consultor financeiro Alexandre Lignos recomenda que a sua renda ao final do período produtivo seja, pelo menos, o equivalente a 70% da renda atual, levando em conta que a maioria das suas dívidas já está quitada, como a escola dos filhos e a casa própria. Ele ainda salienta: "Quanto maior for o tempo de benefício, menor é valor pago mensalmente".

Também é possível retirar todo o benefício ao final do contrato. "Por isso, muita gente faz um plano de previdência quando os filhos nascem. Após 20 anos, ao entrar na faculdade, já têm uma boa quantia para amortizar a dívida junto à instituição de ensino superior", destaca Comossato.

Fizemos uma simulação bem simples para você entender o quanto pode ganhar com a Previdência Privada. O plano escolhido foi o PGBL, com contribuição de R$ 100,00. A idade para retirar o benefício é de 60 anos, e a média de rentabilidade por ano é de 10%. Se você começar a contribuir aos 24 anos, no final do plano terá R$ 378.112,33 acumulados, podendo retirar mensalmente R$ 1.189,49. Se começar aos 34 anos, o total acumulado cai para R$ 138.011,61, e a retirada mensal será de R$ 434,17. Começando aos 44 anos, o total no fim do plano será de R$ 45.442,39 e as retiradas mensais caem para R$ 142,96 (veja o gráfico abaixo).


Arte: Fernando Kazuo


Vantagem?

Claro que em todo tipo de transação há prós e contras. No caso da previdência privada, Lignos é categórico ao afirmar que só vale a pena fazer um plano se você puder aplicar seu dinheiro também em outras formas de investimento. "O importante é diversificar e não colocar todos os ovos na mesma cesta", enfatiza. Optar por essa aplicação somente vale a pena se a intenção for, efetivamente, por longo prazo. Caso contrário, o que você ganha em termos fiscais pode perder ao pagar taxas mais altas do que os fundos de investimentos tradicionais.

Por falar em taxas, o que a maioria das pessoas não sabe é que existem duas delas na hora de fazer o plano de previdência. A de administração (de 1% a 5% ao ano) e a de carregamento (de 1% a 10%). Fique atento à segunda taxa, que é uma porcentagem que tiram da contribuição inicial ou da aplicação mensal. Por exemplo, se você aplica R$ 10 mil, quer dizer que R$ 500,00 saem do seu valor e vão para a corretora, o que faz com que sua aplicação seja de R$ 9,5 mil.

Prós e contras da previdência

Arte: Fernando Kazuo

Atualizado em 10 Abr 2012.