Guia da Semana

Foto: Divulgação Bisazza/ Ottavio Tomasini

Mosaico de vidro Bisazza "Bouquet". Design de Carlo Dal Bianco

Estou com um maravilhoso catálogo de pastilhas nas mãos. São absolutamente incríveis a quantidade e a qualidade deste material. Lembrei-me, até, de quando estudava em colégio de freiras, tinha aula de bordado e fazia o famoso "ponto cruz". Eu gostava muito de ver e, às vezes, tentava fazer. Embora fosse infinitamente mais fácil escolher barquinhos e âncoras, gostava mesmo dos maravilhosos desenhos com muitas cores e sombras, motivos que pareciam mesmo pinturas. Agora temos, inclusive, de uma forma comercial, a reprodução disso com um material muito mais difícil de trabalhar do que as linhas: são as pastilhas, neste caso, feitas de vidro.


Observando prédios da década de 40, muitos deles em Higienópolis ou no centro de São Paulo, encontramos vários painéis de mosaico decorando os halls. São característicos desta época e realmente são obras de arte. É muito interessante ter hoje a comercialização deste material: as pastilhas, em diversos formatos, acabamentos e cores, que podem ser encontradas até mesmo em grandes lojas de material de construção. Ou seja, o mesmo material que, em certas épocas, servia apenas para artistas, hoje pode ser utilizado por um número muito maior de pessoas e locais. O importante disso é colocar qualidade à disposição de um público muito maior.


Mais uma vez falando da minha infância. Costumava procurar, quando ia para a praia, pastilhas que haviam caído de prédios em construção. Talvez aí tenha começado a me interessar por arquitetura.... o fato é que as pastilhas são utilizadas no litoral. Afinal, são um ótimo revestimento contra os efeitos da maresia. Qualquer turista percebe que os edifícios são assim revestidos, mas não podem imaginar que este material tenha uma infinidade de formatos, tonalidades, acabamentos e brilhos que possibilitam a execução de mosaicos fantásticos, aplicados não mais em fachadas, mas sim em locais de destaque e valorização.


Não seria exagero dizer que alguns mosaicos parecem tecidos. É possível fazer um com um material extremamente resistente, algo absolutamente delicado e detalhado. A origem da matéria-prima dos corantes é um ponto fundamental no custo: estamos no século 21, mas muitas etapas desta produção devem ser feitas de maneira artesanal e, sem dúvida, o valor do trabalho manual não pode ser comparado ao industrial. Gosto muito de salientar isto para meus clientes: quando empregamos certas soluções, é importante pensar na sua execução, pois é uma valorização que costuma passar despercebida. Independentemente de também não concordar com valores abusivos, acho que as coisas têm seu preço e muito dele vem da valorização que damos ao processo de criação.

Leia as colunas anteriores de Sylvia Figueiró:

Mobiliando

O vidro

Madeira no piso

Quem é a colunista: Uma pessoa de bem com a vida.


O que faz:Arquiteta, atua nas áreas residencial e comercial.

Pecado gastronômico:Chocolate, qualquer chocolate.

Melhor lugar do mundo:Uma praia.

O que está ouvindo no carro, mp3, iPod: Quase tudo, ouço música o dia todo.

Fale com ela: [email protected]



Atualizado em 21 Set 2011.