Guia da Semana

Para os amantes de filmes de terror, uma produção em que um assassino coloca suas vítimas em jogos de tortura psicológica antes de matá-las é algo que salta aos olhos. É para satisfazer esse público que Jogos Mortais - O Jogo Final chega aos cinemas; o último filme da série revela mistérios sobre os anteriores e fecha a sequência de sete longas aterrorizantes.



Sucesso entre os fãs do gênero, a produção está presente no Guiness Book como a mais bem-sucedida franquia de filmes de terror, superando Sexta-Feria 13, Halloween e A Hora do Pesadelo. Mantendo o padrão, o sétimo filme será lançado na época do Dia das Bruxas. No Brasil, ele chega às telonas em 29 de outubro e com uma novidade: em formato 3D. Mesmo envolvendo o mesmo assunto - tortura - o longa consegue atrair multidões para as salas de cinema e ser sucesso de bilheteria, com a história de um serial killer com câncer terminal que faz com que suas vítimas valorizem a vida pouco tempo antes de morrer em armadilhas estranhas.

Enfim, o fim
Em Jogos Mortais - O Jogo Final, os sobreviventes dos jogos sádicos do anti-herói JigSaw (Tobin Bell) vão se unir e tentar descobrir quem continua com o seu legado, pois o criador e sua aprendiz, Amanda (Shawnee Smith), estão mortos. Eles procuram pelo guru de auto-ajuda Bobby Dagen (também um sobrevivente do jogo de terror), interpretado por Sean Patrick Flanery. Bobby é um homem cheio de mistérios, que desencadeia uma nova onda de terror. A direção do longa é de Kevin Greutert, que também esteve à frente do sexto filme.

Neste último jogo, a história de Jigsaw será revelada com cenas de sua adolescência, em que vão tentar explicar o seu fanatismo pelas armadilhas torturantes. Outras curiosidades a respeito da produção é que o Dr. Gordon (Cary Elwes), o sobrevivente do primeiro longa, aparecerá neste filme e o mestre dos jogos terá um irmão gêmeo. Quem também dará as caras é a ex-mulher do serial killer, interpretada por Betsy Russell, e um dos discípulos de Jigsaw, Mark Hoffman (Costas Mandylor).



Para o jornalista e historiador de cinema Carlos Primatti, "os filmes cumprem com seu papel dentro do gênero, oferecendo momentos de tensão, choque, horror e surpresa. Entre todos os seis filmes, eu gostei dos dois primeiros, quando a série mostrava sua vitalidade. O primeiro, por causa da novidade, pelo final surpreendente, pela carga de sadismo e das situações tensas. No segundo, também pela surpresa do final, pois acho que faz sentido e é aceitável".

E completa: "Depois, a série passou a se preocupar demais em expandir esse universo e, paradoxalmente, acabou se enfraquecendo, tentando criar todo um complexo histórico passado para explicar o psicopata. No geral, são filmes medianos, para consumo em massa".

Visões diferentes

O jornalista Daniel Navas assistiu a todos os longas e achou o enredo muito interessante. Para ele, a maioria dos filmes de terror são clichês, pois sempre há um grupo de amigos que se envolve em algo ou vai parar em um lugar desconhecido em que alguém tem a intenção de matar a todos. "Mas o que me chama a atenção é a maneira como produzem as mortes. É tudo muito bizarro. Sangue para todos os lados, exageros na produção e os corpos expostos", conta.

No caso da franquia Jogos Mortais, Daniel diz que "as pessoas que participam dos jogos, por algum motivo, 'tinham' de estar ali, para passar por uma provação e dar mais valor à vida. Claro que, para ligar a história, teríamos de colocar pessoas realmente más, que fazem os jogos pelo puro prazer de ver as outras sofrendo. Mas eu acho que a série poderia ter tido um fim no terceiro filme. Agora, está muito comercial. Está muito evidente que eles continuam pelo fato de que está rendendo muito dinheiro a todos".



Já o também jornalista Paulo Gustavo Pereira assistiu somente aos dois primeiros longas, mas se desinteressou pela série depois do segundo. "Quando começam a jogar mais sangue na tela do que uma boa ideia, aí é para públicos muito específicos. E não faço parte desse público", explica. Com relação às duas produções, Paulo achou o primeiro criativo e tenso. "Acho que é pelo fato do diretor, o malaio James Wan, ter feito um filme de baixo orçamento, mas muito diferente do que já foi visto. Depois que ele passou a ideia para a Disney, os filmes ficaram muito previsíveis e com o vilão homicida, Jigsaw, entrando na galeria dos psicopatas que nunca morrem, mesmo quando são mortos".

De qualquer modo, o filme segue como tremendo sucesso de bilheteria. "Acredito que a popularidade de Jogos Mortais e de todo o subgênero que batizaram pejorativamente de torture porn, se deve ao fato de que as plateias de hoje estão acostumadas demais a ter contato com todo o tipo de violência, devido à internet e à própria televisão. Vemos pelo vídeo da execução do ditador iraquiano Saddan Hussein, por exemplo, que parou na caixa postal de milhões de pessoas. O público passa a exigir que um filme de horror supere em tensão, crueldade e violência esse tipo de maldade do nosso cotidiano, para que possamos experimentar uma sensação semelhante, mas com a segurança de sabermos se tratar de mero faz-de-conta", explica o historiador de cinema Carlos Primatti.

Formato atraente

Jogos Mortais - O Jogo Final será o primeiro filme do gênero exibido em 3D e promete chamar muito mais curiosos para as salas de cinema. Carlos Primatti acredita que este novo capítulo vai atrair um grande público. "Mas isso porque Hollywood anda em estado de pânico, devido à queda vertiginosa das bilheterias nos últimos anos. Só inventaram esse truque do 3D para tirar o pessoal de casa e tentar atraí-los de volta aos cinemas. Se a história conseguir se manter coerente, já será uma surpresa agradável, mas se enveredar por absurdos como apresentar personagens de última hora (como esse suposto irmão gêmeo), a coisa toda corre o risco de se tornar uma piada", finaliza.

Veja o trailer de Jogos Mortais - O Jogo Final

Atualizado em 10 Abr 2012.