Guia da Semana

De Los Angeles


Imhotep foi para o além definitivamente, pelo menos por enquanto na mitologia de A Múmia, portanto, a solução do diretor Rob Cohen foi arrumar uma múmia mais exótica e não egípcia, com isso, lá se foi a equipe para a China filmar A Múmia: A Tumba do Imperador Dragão. Desta vez, o megalomaníaco que resolveu voltar à vida é o histórico Imperador Dragão, vivido por Jet Li. No papel principal, claro, Brendan Fraser volta como Rick O´Connell.

Não há muita novidade em termos estruturais em A Múmia 3. Para variar, um dos membros da família mexe em algo que não deveria e isso traz o Imperador Dragão do título de volta à vida. Só que em vez de uma múmia, o sujeito volta com todo o seu exército. Tudo isso, porém serve para cumprir a vocação do filme que, novamente, traz um grande número de seqüências de batalhas, ação quase ininterrupta e, claro, piadas de Brendan Fraser, que não funcionam tão bem, aliás. As partes mais engraçadas continuam nas mãos do comediante inglês John Hannah, que continua fazendo as vezes do estabanado Jonathan. Fãs dos dois primeiros filmes vão sentir falta de Rachel Weisz, que não continuou como Evelyn e foi assumida por Maria Bello. Rob Cohen diz que queria uma mulher "muito atraente" para o papel. Ele conseguiu, mas abriu mão de uma atriz talentosa e o filme sofre com isso. Escolha arriscada.

A estréia de A Múmia 3 acontece num momento estratégico bom, uma vez que não enfrenta grande concorrência nas bilheterias - em termos de estréia - e poderá ser um elemento importante para entender o real patamar dos filmes de aventura nesse ano. Indiana Jones não foi tão explosivo quanto se imaginava, mesmo com o ótimo resultado, e um dos fatores prejudiciais pode ter a pouca identificação do herói com o público atual, entretanto A Múmia 3 é um filme moderno, construído com as bilheterias da nova geração de cinéfilos, ou seja, um herói mais próximo. Mesmo trabalhando muito com os conceitos de família, por exemplo, Rick O´Connell consegue entregar boas seqüências de batalha.

O maior combate do filme acontece nos moldes de O Escorpião Rei. O gigantesco exército do Imperador Dragão avança sem que nada possa detê-lo, mas aí um pouco de fantasia agregada à mitologia chinesa entra em cena, aliás, um dos pontos fortes do filme é a grande preocupação em colocar o público em contato com a cultura da China. Para parar o exército de Anúbis... oops, filme errado... os inimigos do Imperador, enterrados ao longo da Muralha da China são convocados para lutar uma vez mais. Múmias contra múmias.

É tudo muito bacana, mas o fato de os inimigos serem múmias é puramente circunstancial. Boa parte do misticismo apresentado com a ressurreição de Imhotep nos primeiros filmes se perde um pouco neste terceiro capítulo. Tudo ficou grandioso demais, mesmo em relação às impressionantes tomadas aéreas e os efeitos do segundo filme. Fica a impressão de que Cohen bebeu muito mais na fonte de O Escorpião Rei e seu tom militarista, no qual quase tudo é resolvido na ponta da espada, em vez de apostarem na mistura entre conhecimento e ação.

Claro que escalar Jet Li para o papel principal teve sua influência, afinal de contas, ter um dos melhores astros marciais do momento e não aproveita seria bobagem. Mas o personagem é forte e impactante, perde grandes chances de aprofundamento. Talvez tenha faltado a paixão doentia e eterna do cativante Imhotep. Talvez falte Rachel Weisz. Talvez seja apenas o tipo de filme que o público quer ver, curtir e se preparar para o próximo. Alguma dúvida de que vem mais por aí?


Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.

Atualizado em 10 Abr 2012.