Los Angeles
Enquanto agrada ao público mais exigente com o impactante "Doubt", Dustin Hoffman também encontra espaço para entreter a garotada em "O Corajoso Ratinho Despereaux", nova animação que a Paramount lança em janeiro nos cinemas brasileiros. Embora o filme não seja uma comédia, conversar com Hoffman é sempre um convite para boas piadas, alfinetadas e um passeio com um dos sujeitos mais bem-sucedidos do cinema.
Desta vez ele empresta a voz para o rato Roscuro, um marinheiro apaixonado por sopa, que muda os rumos de um reino e é condenado a ficar longe de seu amado mar. Confira o bate-papo relâmpago que ele teve com este colunista.
Você interpreta personagens infantis, como Mr. Magorium, Capitão Gancho ou o rato de "O Corajoso Ratinho Despereaux", por conta dos netos?
Dustin Hoffman: Não tenho nenhum projeto egocêntrico de me tornar ícone para esse público, ou dominar as mentes infantis, se é isso que você quer saber (risos). Na verdade, vejo os roteiros e, se me interessam, aceito os papéis. É mais coincidência do que qualquer outra coisa. Ser ator é uma profissão passiva nesse aspecto. Mas não tenho nenhuma fixação com isso. Outro dia recusei alguns papéis em filmes pornô (gargalhadas), pois eles não concordaram com algumas exigências de efeitos visuais que eu pedi (gargalhadas).
Então seu sucesso se deve a boas escolhas, ou menos filmes pornôs?
Dustin Hoffman: Depende do público. Aposto que teria uma boa clientela, se tivessem concordado comigo e aument... oops. Infelizmente, nunca há tantos roteiros bons disponíveis por aí. Em muitos casos, escolhemos o "menos pior", afinal um ator que não atua se transforma em nada rapidamente.
O mesmo vale para dublagem? Digo, a escolha de roteiros, não a exigência por efeitos visuais...
Dustin Hoffman: Eu não gosto de dublagem. A única coisa boa é não precisar ir trabalhar todos os dias, mas a idéia de ficar dentro de uma salinha, falando sozinho é pouco recompensadora. Como demora muito tempo, a gente grava uma vez, aí eles ligam novamente para regravar, e assim vai até ficar pronto. Vale a pena por um aspecto: é possível fazer outros filmes enquanto uma animação não fica pronta. Mas eu não gosto. Humm... Você gosta dessas entrevistas? (gargalhadas).
As engraçadas são sempre as melhores (risos)! Você é divertido, além de ser um ator de sucesso. Ter toda essa fama deixa muita gente chata ou retraída. Como você escapou?
Dustin Hoffman: Nunca parei de trabalhar. Muita gente precisa arrumar outros empregos para se sustentar, enquanto esperam por papéis. No fim das contas, a fama e o poder corrompem. Mas é uma situação complicada, pois quando se trabalha em peças off-Broadway, por exemplo, se você discorda do diretor é só pegar as coisas e ir embora. Nessa fase da carreira, a gente se acostuma a estar desempregado. Agora, quando você fica famoso e trabalha em um filme grande, existe comprometimento, um contrato. Não dá para virar as costas. Fazer filmes e lidar com a fama é como um avião: em cada decolagem ele quase não sai do solo. E os filmes parecem coisas arrastadas e pesadas que, em algumas vezes, nunca saem da pista.
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Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.
O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.
Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!
Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.
Atualizado em 6 Set 2011.