De Nova Iorque
Foto: Divulgação |
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Diretor no set de filmagens de Lizzy Caplan |
Horas antes da estréia de seu primeiro grande filme em Nova Iorque, o diretor Matt Reeves, co-criador do seriado Felicity e amigo de infância de J.J. Abrams, bateu um papo com o correspondente internacional Fábio M. Barreto sobre Cloverfield - Monstro e outros projetos da Bad Robot Productions, companhia composta por ele, Abrams e Drew Godard, aliás, o roteirista de Cloverfield.
Fábio Barreto: A câmera não pára de se mover um minuto em Cloverfield. Foram os próprios atores ou cinegrafistas profissionais que filmaram?
Matt Reeves: Os atores puderam filmar algumas cenas, sim; mas, na maior parte das vezes, os cinegrafistas estavam correndo com eles, dando o enquadramento que precisávamos para encaixar o monstro e os demais efeitos especiais. Foi difícil e precisamos de quatro profissionais diferentes durante as filmagens, pois o equipamento era muito pesado e eles não agüentavam muito sem correr riscos físicos.
E eles deram todo aquele ritmo corrido e tremido à la A Bruxa de Blair...
Matt Reeves: Embora A Bruxa de Blair tenha feito algo parecido, o formato que usamos foi totalmente copiado do YouTube e de vídeos caseiros. Fizemos o possível para parecer bastante real e verossímil. Se é que pode se dizer isso de um monstro a solta na cidade. (risos).
Aliás, tem muita gente falando que o filme é metáfora do terrorismo...
Matt Reeves: Como pode ser terrorismo? Por mais perigosos que eles sejam, quem é que pode arrancar a cabeça da Estátua da Liberdade e fazer um strike nos prédios do sul de Manhattan? Esse pessoal é bem exagerado.

Matt Reeves: Não sabemos direito. Conceitualmente, tentamos criar algo que evoluiu de algum organismo ou criatura que existe no nosso mundo e virou aquela coisa. Nosso bebê é muito nervoso e não vemos quase nada do que ele é capaz de fazer, há partes e habilidades dele que tivemos que cortar na edição final...
Espera aí, bebê? Quase nada? Onde está a mãe dessa "criancinha"?
Matt Reeves: Imagine uma criança perdida e apavorada. Não há nada pior que uma criatura desse tamanho, totalmente desorientada e brava, além de tudo, começam a atirar nela. Tentei imaginar como seria se um bando de abelhas me atacasse. Elas não vão me matar, mas vão causar muita dor e irritação.
Somos abelhas, então...
Matt Reeves: Na verdade, somos mais como ratos vendo um elefante enfurecido. É essa a visão que Cloverfield passa. O ponto de vista dos personagens é o mais plausível possível. Não existe aquela tomada aérea do diretor onipresente, sabe. Não dá para mostrar coisas que eles não vêem, no máximo, a TV dá alguma informação a mais, mas é isso aí.
E eles mostram tudo o que aconteceu?
Matt Reeves: Não, e aí é fica mais interessante, pois vemos pessoas tirando fotos com celulares e câmeras amadoras, mais gente filmando, enfim, várias perspectivas de um mesmo acontecimento. Num dos momentos, na cena da Ponte do Brooklyn, vemos um outro cara filmando a fuga e, por alguns segundos, a nossa câmera fica parada de frente com a dele. É um momento de interligação entre dois filmes diferentes. Duas visões daquele evento caótico.
Hum, partes do monstro que não vimos, outras perspectivas, monstro-bebê sem mãe... Isso leva a uma continuação, certo?
Matt Reeves: A idéia é mais ou menos por aí, mas ainda estamos conversando com o estúdio [nota posterior: as negociações foram confirmadas e a continuação deve mesmo acontecer]. Há muito que ser mostrado sobre o acontecimento Cloverfield. Não sei se vou estar envolvido, mas essa é a base para um novo filme.
Não estará envolvido por quê? Algum projeto da Bad Robot em andamento?
Matt Reeves: Porque ainda é muito cedo para falar e também porque terminei, há pouco, o roteiro de Invisible Woman, que não tem nada de ficção científica e que vou dirigir. É a história de uma mulher que se acha tão insignificante e acredita tão piamente não ser percebida por ninguém, que começa a fazer coisas extremas até chamar a atenção. Ela decide roubar bancos. Esse argumento é baseado em várias histórias reais, de gente que é simplesmente ignorada mesmo. É um suspense meio hitchcokiano.
Por falar em suspense, como você fazia para manter os atores naquele estado de adrenalina sem existir um monstro propriamente dito no set de filmagens?
Matt Reeves: Eu usava um megafone e ficava gritando: É O MONSTRO! GRITEM! CORRAM!!!
E funcionava?
Matt Reeves: Bastante... e eles levavam cada susto! (risos)
Veja também a crítica do longa-metragem!

O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.
Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!
Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.
Atualizado em 6 Set 2011.