Guia da Semana

Foto: IMDb


Inesquecível. Difícil encontrar adjetivos que façam jus à Elizabeth Taylor (ou Liz Taylor, como ficou conhecida). Dona de uma beleza estonteante, Liz fez sua estreia nas telas aos dez anos de idade e, das telas, não mais saiu. Porém, não era apenas a beleza da jovem atriz que impressionava. Seu desprendimento e seu talento nato para atuar também chamaram a atenção não só de espectadores, mas também de grandes diretores da época.

O longa Gata em Teto de Zinco Quente foi baseado na obra do famoso dramaturgo Tennessee Williams, autor também de A Streetcar Named Desire ( Um Bonde Chamado Desejo) e The Glass Menagerie ( Algemas de Cristal). O escritor não ficou satisfeito com a adaptação para o cinema, embora tenha feito grande sucesso. O diretor e roteirista Richard Brooks, apesar de ter retirado e modificado trechos do texto original considerados importantes para Williams, acertou na coesão, soube costurar as partes sem que a obra perdesse a essência, ambientá-la, com a unção da correta fotografia. O cineasta arriscou sabendo o que fazia. Agradou, indubitavelmente, ao público.

Maggie Pollitt (Elizabeth Taylor) é uma esposa dedicada e apaixonada pelo seu marido, Brick Pollitt (Paul Newman), um ex-jogador de futebol que se tornou alcoólatra e culpa Maggie pelo fim de sua carreira. Seu pai, Harvey "Big Daddy" Pollitt (Burl Ives), sofre de uma grave doença e, assim como Maggie, tem uma conturbada relação com o filho. Seu outro filho, Gooper Pollitt (Jack Carson), e sua mulher Mae (Madeleine Sherwood) causam discórdia e intrigas, pois estão interessados na herança de Big Daddy. A trama se passa durante a festa de aniversário de Harvey. É marcada por discussões e pesados diálogos.

Maggie the cat is alive. I`m alive. (Maggie, a gata, está viva. Eu estou viva.)

Liz e Newman formam um dos mais belos casais já vistos nas telonas. No entanto, além de toda a graça e beleza, ambos se destacam por suas memoráveis atuações, sem esquecer-nos da igualmente notável performance de Burl Ives. A película é mesmo um palco de densos personagens, interpretados por grandes atores.

O ambiente do subúrbio, a inútil tentativa de encaixar-se na sociedade disfarçando os problemas e mantendo as aparências contrastam com sentimentos aflorados, palavras presas na garganta, como um vulcão pronto para entrar em erupção, vindos, principalmente, de Maggie, que nunca aceitou que seu casamento estivesse destruído e não perdeu as esperanças de salvá-lo.

As subentendidas questões "entre quatro paredes", segredos que muitos sabem, mas poucos trazem à tona, são postas em várias perspectivas aos olhos do espectador, que se compadece e compreende o drama familiar.

Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Ator (Paul Newman), Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia. Perdeu em todas as categorias, a maioria delas para Gigi, do consagrado Vincente Minnelli. Burl Ives (Big Daddy), contudo, venceu na categoria de Melhor Ator Coadjuvante por Da Terra Nascem os Homens.

Uma temática ordinária, em uma fantástica visão, combinada com um excelente roteiro adaptado, extraordinário elenco e talento artístico resultam em Gata em Teto de Zinco Quente. A empatia por Maggie é inevitável.

Liz não só imortalizou Maggie, como Martha (Quem tem Medo de Virgínia Woolf), Cleopatra (Cleópatra), Kay (O Pai da Noiva), Leslie (Assim Caminha a Humanidade), Catherine (De Repente no Último Verão), dentre muitas outras fortes personagens, como foi imortalizada por elas. Assim como Newman, ela atraiu primeiro olhares, depois ouvidos e adentrou profundamente nos corações.

É um equívoco dizer que "Elizabeth Taylor se foi": a morte de um ícone é sempre a porta de entrada para sua imortalidade. Seja como Maggie, seja como Martha: Liz Taylor viverá para sempre.

I`ve always admitted that I`m ruled by my passions. (Eu sempre admiti que eu sou guiada por minhas paixões)

Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof, EUA, 1958) Direção: Richard Brooks Roteiro: Richard Brooks, James Poe, Tennessee Williams (peça) Elenco: Elizabeth Taylor, Paul Newman, Burl Ives, Jack Carson Duração: 108 min.

Leia a coluna anterior de Natália Alonso:

O Homem que Não Estava Lá

Quem é a colunista:Professora apaixonada por cinema 24 vezes por segundo.

O que faz: Leciona Português e escreve para o Cinemaorama.

Pecado gastronômico: Brigadeiro.

Melhor lugar do mundo: Minha casa.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Astor Piazzolla, Lou Rawls, Montserrat Caballé, Antonio Vivaldi.

Para falar com ela: [email protected], siga seu Twitter ou seu site.





Atualizado em 6 Set 2011.