Guia da Semana

A primeira cena de Partir, mais novo longa de Catherine Corsini ( Casadas mas nem tanto, Os Apaixonados) é emblemática: a mulher, deitada na cama ao lado de um homem, está nervosa, tremendo descontroladamente. Em silêncio ela se levanta e vemos o exterior da casa. Ouve-se um tiro. Fade out.

A partir dessa misteriosa cena, acompanhamos os seis meses que precedem a cena de assassinato/suicídio cometido pela personagem Suzanne (Kristin Scott Thomas). Ela é uma inglesa, casada com o bem sucedido francês Samuel (Yvan Attal), que leva uma vida pacata burguesa na França. Fisioterapeuta, ela está prestes a abrir seu consultório na própria casa e contrata o pedreiro espanhol Ivan (Sergi López, o capitão Vidal de O Labirinto do Fauno). Após um acidente com o novo funcionário, ela e Ivan tornam-se muito próximos, o que os levará a tornarem-se amantes.

Não tarda que o caso de infidelidade de Suzanne venha à tona, o que acarretará mudanças drásticas na vida dela, que tem de decidir entre viver no conforto frustrado do casamento ou escolher a vida apaixonada - porém instável - com o ex-presidiário Ivan.
Assim, acompanhamos a preocupação de Suzanne (muitíssimo bem interpretada por Scott Thomas), a sua insegurança e medo, mas que se perde no prazer do proibido quando está com Ivan.

Quase narrado como pequenas esquetes, o filme tem cortes que impedem uma maior dramatização de certas cenas, fazendo com que o espectador não se envolva muito na trama. Mas mesmo assim é possível se emocionar com o esforço de Suzanne em lutar pelo amor que sente por Ivan, especialmente quando, devido aos contatos do influente marido, os dois não conseguem trabalhar e precisam lutar por dinheiro.

Samuel quer o casamento de volta a todo custo e chantageia a esposa, culminando em um turbilhão de ciúmes, ódio e culpa que irá afetar profundamente a vida do trio de personagens, que perdem a cabeça numa situação como essa. O passado de presidiário de Ivan contribui para que Suzanne embarque em uma situação desesperadora, que a levará a cometer uma loucura.

Repleto de clichês, o filme se apoia na bela atuação de Kristin Scott Thomas, que tem se dedicado cada vez mais a papéis europeus, como nos franceses Há tanto tempo que te amo e Seuls Two (ambos de 2008). Além disso, a trilha densa e melancólica, as belas locações francesas e espanholas e as tórridas cenas de sexo entre Kristin e López garantem que o filme não se perca totalmente. Mas nada honra os padrões do cinema francês, que geralmente nos trazem belas pérolas em sua filmografia.

Quem é o colunista: Um jornalista aficcionado por cinema de A a Z.

O que faz: Dono do blog Dial M For Movies.

Pecado gastronômico: Lasanha.

Melhor lugar do Brasil: Qualquer lugar, desde que eu esteja com meus amigos.

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Atualizado em 10 Abr 2012.