
Não sei se por conta da admiração a cineastas como Jean-Luc Godard e François Truffaut, ou se por conta das últimas férias que passei em Paris, em outubro, ou ainda por um motivo pessoal, mas ando perseguindo o cinema francês. Assistir a uma produção daquele país na tela é como se fosse possível se transportar para o local onde estão as imagens. Também não sei se é devido o meu interesse recente que só agora me dei conta que existem muito mais filmes franceses em exibição do que diversas salas da Cinemark podem imaginar.
Enquanto estive em Paris, tive a oportunidade de assistir ao longa-metragem 99 Francs, do holandês Jan Kounen. O filme é baseado em livro homônimo de Frédéric Beigbeder (publicado pela Record, chama-se $ 29,99) e deu o que falar no reduto publicitário, uma vez que a história conta sobre o dia-a-dia do redator Octave, que para criar trabalha duro, usa drogas e tem mulheres a rodo. Embora pareça feliz, Octave está à beira da loucura.
Confesso que assistir à produção falada em francês (sem legendas, é claro) não foi tarefa fácil, até porque o meu vocabulário naquele idioma se resume a "pardon", "bonjour"/"bonsoir", "s´il vous plaît", "merci" e "au revoir". Com ajuda de uma tradução simultânea em momentos cruciais e de muita imaginação para decifrar as imagens, deu para aproveitar. Em todo caso, não vejo a hora de o filme chegar aqui. Se é que esse dia vai chegar!

Um Lugar na Platéia, de Danièle Thompson, está nas telas desde maio e fala sobre uma moça que chega em Paris para trabalhar como garçonete, mas seu principal interesse é nos artistas que passam por lá. Uma comédia simples, mas com um timing de primeira.
O diretor Alain Resnais, o mesmo do inusitado Amores Parisienses, chegou com Medos Privados em Lugares Públicos em julho. A fita conta a história de um corretor de imóveis apaixonado por sua colega de trabalho, de um ex-militar desempregado e em crise afetiva e de uma jovem solitária que marca encontros com homens desconhecidos. Resnais aponta suas lentes para lugares obscuros, situações estranhas, mas consegue contar uma história de maneira clara e singular.
Para quem prefere drama, recentemente entrou no circuito Piaf - Um Hino ao Amor, sob a batuta de Olivier Dahan, que também é autor do roteiro. Para viver Edith Piaf, cantora francesa que fez muito sucesso nos anos 1950, foi escalada Marion Cotillard. A fita dá conta de mostrar, de forma não-linear, a trajetória da cantora desde a sua infância, quando morou em um prostíbulo, até o sucesso, passando por sua difícil jornada de ganhar o dinheiro para comer quando cantava nas esquinas de Paris. O resultado é um filme delicado e emocionante, salpicado por canções inesquecíveis. Só não pode se esquecer de levar o lenço para a sessão!

Outro filme que passou pela Mostra é Em Paris, de Christophe Honoré. Garantida pela Imovision para 21 de dezembro, a fita é narrada por Jonathan, que conta a história de seu irmão mais velho que, após se separar, se sente deprimido e volta a Paris para viver novamente com o pai e seu irmão caçula. Mas é com o olhar de Jonathan que veremos como se comporta a juventude, que tenta se divertir e também reanimar o irmão. Em Paris é um cinema francês leve, bem-humorado e com lições nas entrelinhas.
Para finalizar, Crimes de Autor, escrito, dirigido e produzido por Claude Lelouch, que estreou nos cinemas no dia 16 de novembro. Na fita, a famosa escritora Judith Ralitzer (Fanny Ardant) é acusada pelo assassinato de seu ghost-writer Pierre (Dominique Pinon). No entanto, no meio do caminho em direção a Cannes, ele conhece a cabeleireira Huguette (Audrey Dana), que servirá de inspiração e personagem para a história. O longa traz às telas uma mistura de drama, mistério e romance que vai prender o espectador do início ao fim. A trilha sonora, com música original de Alexandre Jaffray, completa a obra de arte.
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Fotos: Divulgação e www.sxc.hu

O que faz: Cinéfila de carteirinha, assiste a diversos filmes, além de escrever, ler e respirar cinema.
Pecado gastronômico: Doces, principalmente os encharcados de chocolate!
Melhor lugar de São Paulo: Qualquer área verde para se respirar ar puro ou sala de cinema que exiba um bom filme e a faça ir com uma ótima companhia (mesmo que seja ela mesma!).
Fale com ela: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.