Certos clichês não falham: se o herói de um filme de ação decide se aposentar logo nos primeiros minutos (mesmo que a causa seja uma doença terminal), é certo que haverá aquele “último serviço”. No caso de Ethan Renner, a missão é matar algumas pessoas em nome de C.I.A. enquanto cuida da filha adolescente.
“3 Dias Para Matar” é tão genérico quanto o nome sugere, mas arrisca uma abordagem diferente e bem-humorada do gênero. Ethan (Kevin Costner) não é apenas um assassino profissional à beira da morte: é também um homem apaixonado e pai coruja, que, apesar disso, nunca foi muito bom em conciliar trabalho e família – tanto que abandonou a sua por cinco anos.
De volta a Paris, onde moram Christine (Connie Nielsen) e Zooey (Hailee Steinfeld), Ethan tenta reatar os laços, mas vê que isso não será fácil. Zooey era criança quando ele partiu e agora o trata como um estranho, recusando-se a aceitá-lo como pai.
A solução é tão absurda que chega a ser interessante: no meio de um “trabalho”, Ethan conhece um motorista de luxo com duas filhas adolescentes e passa a pedir conselhos de pai para pai. Isso não o impede de torturá-lo e quase matá-lo em diversas ocasiões, mas a violência é tratada como mera rotina profissional para os dois – nada pessoal.
A direção é assinada por McG, o mesmo que levou às telas “As Panteras” e “O Exterminador do Futuro – A Salvação”, mas o roteiro é de Luc Besson, que está em cartaz nos cinemas com a ficção científica “Lucy”. Não é difícil encontrar a mão de Besson neste pipocão-família: as relações pessoais-profissionais do assassino lembram “A Família”, comédia de 2013 que fazia graça com o dia-a-dia de uma família de mafiosos.
O clima familiar do filme só é quebrado pela presença da agente Vivi (Amber Heard), personagem cuja motivação não conhecemos, que veste uma peruca loira e saltos agulha durante boa parte do filme. É ela quem recruta Ethan e lhe oferece uma droga capaz de estender sua vida, em troca do serviço sujo. Seu papel é caricato e suas falas são tão vazias quanto se poderia esperar: em certo momento, ela chega a declarar que “faz o tipo de todos os homens”. Ao que tudo indica, basta ter cabelos loiros e lábios vermelhos para isso.
Mesmo com seus clichês evidentes, “3 Dias Para Matar” oferece algumas risadas e traz um herói mais humano do que o título sugere. A atuação sincera de Costner acaba fazendo a diferença, elevando o filme da categoria “assistível” para um programa de fato divertido para pais e filhos. Vale a pipoca.
Assista se você:
- Quer ver um filme de ação com um pouco de humor
- Procura um filme despretensioso para relaxar
- É fã de Kevin Costner ou de Hailee Steinfeld
Não assista se você:
- Não gosta de filmes de ação
- Não quer ver violência gratuita
- Procura um filme imprevisível, que surpreenda
Por Juliana Varella
Atualizado em 12 Set 2014.