
Sábado à noite, restaurantes cheios, estacionamentos lotados, eu e metade do beautiful people no cinema. Salas superequipadas, pipoca de primeira, organização idem, poltrona reclinável, pessoal bonito... e é aí que entra o problema. Não com a beleza e os perfumes importados, mas com as pessoas em si e a sua formação.
Atrações à parte, a própria fila para comprar os ingressos se torna um desfile sem fim de casacos, lenços, bolsas e botas. Até aí, tudo bem, ver gente arrumada é bom. Há alguma coisa lá dentro que ainda se engana e deseja acreditar que a miséria não é tanta, que muita gente pode ter acesso à cultura; é o próprio me engana que eu gosto.

Sabe o que é assistir a duas horas de filme com uma tiete de Anthony Hopkins ao seu lado? Não é mole não. Ou então grudado com o pai que leva a filha ao cinema e resolve mostrar que conhece tudo quanto é lugar que aparece na tela, explicando onde fica um por um? Ninguém merece! Fora que o sujeito ainda erra um monte de coisas e você nem pode dizer à menininha: Seu pai é um idiota!
O filme acaba, as luzes voltam e todo mundo se veste de santo, quase podemos ver as auréolas. É impressionante! Nem se a hipocrisia fosse matéria obrigatória nas escolas de todo país teríamos tantos alunos aplicados. Onde está a educação? Cadê toda aquela pose? Viver em sociedade exige mais do que dólares no bolso: é preciso saber que posição social não é desculpa para falta de respeito. Definitivamente o hábito não faz o monge, meu caro!
Fotos ilustrativas: www.photocase.de
Leia as colunas anteriores da Juliana:
? Spoilers: Os estraga-prazeres estão espalhados na internet.
O que faz: Publicitária e jornalista.
Pecado gastronômico: Fios de ovos.
Melhor lugar do Brasil: depende da hora
Fale com ela: [email protected]
Atualizado em 10 Abr 2012.