Guia da Semana

Los Angeles


Que Madagascar foi um sucesso por seu carisma não há dúvidas! Personagens bem construídos, boas piadas e uma situação mais improvável que a própria fuga dos animais garantiu todo o charme ao filme, que ganhou continuação em Madagascar 2: O Grande Escapada, estréia desta semana nos cinemas brasileiros. Desta vez, Alex, Martin, Glória e Melman se metem no meio das savanas africanas com direito a reencontros com a família e autodescobertas para cada um dos astros do reino animal.

Tudo só acontece por conta da genialidade exagerada - até para aquele universo - dos pingüins, que conseguem tirar o grupo da ilha de Madagascar e levá-los para longe da terra dos lêmures. Mas é claro que o Rei Maurice possui diversos planos e deseja governar o resto do mundo! Insanidades à parte, Madagascar 2 não se esqueceu de sua vocação: fazer rir. Reencontrar aquele bando vem em boa hora por conta da invasão de filmes mais sérios e cheios de responsabilidade que irão invadir os cinemas nos próximos meses. O público sabe o que vai encontrar e o longa-metragem não desaponta.

Entretanto, o filme mantém as opções abertas para inserir muito mais emoção no roteiro. Alex (o leão dublado por Ben Stiller na versão original) promove cenas inesperadas e tocantes ao descobrir suas verdadeiras origens. Até nessas horas o elemento humorístico permanece, mas sem perder a noção de realidade necessária para manter o público envolvido com a trama. Desta vez, Madagascar reforça a importância de nossa hereditariedade e, acima de tudo, da individualidade necessária para que a vida seja menos chata.

Quem tem boas lições nesse aspecto é Martin que, pela primeira vez, se vê frente a frente com um enorme bando de zebras. É hilário e o trabalho do Departamento de Animação passou no teste com louvores. Até mesmo Melman encontra uso para seus conhecimentos farmacêuticos em meio às demais girafas. Quem mais surpreende é Glória por conta de uma verdadeira história de amor, paixão e muito, mas muito peso!

Enquanto o humor não dá trégua em Madagascar 2, o charme do primeiro filme ficou esquecido. Seja pela falta da sensação de novidade ou pela necessidade de mais piadas para não decepcionar, o longa se torna óbvio e previsível - o que não significa ser um problema no ramo da animação, mas pode impedir que as pessoas se apaixonem pela trama e memorizem suas cenas.

A comprovação dessa situação vem com a participação dos pingüins. Eles serviram como arma secreta para deixar a trama mais engraçada com alguma atitude impensada e surreal no primeiro filme, mas, desta vez, são fixos e suas intervenções soam como "normais". E é aí que o calcanhar de Aquiles de Madagascar 2 se revela: falta o sentimento de novidade e de surpresa. Muita coisa surpreendente pode acontecer naquele universo, mas não foi uma escolha do roteiro, que preferiu apostar na segurança de assuntos e situações de sucesso no primeiro longa-metragem a subir o nível em sua segunda parte.

Nada disso tira o bom-humor do filme e a boa experiência cinematográfica, especialmente para crianças, mas não passa de uma continuação que viverá sempre à sombra de sua obra original.


Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.


Atualizado em 6 Set 2011.