Guia da Semana

Los Angeles


Ele já foi garoto-propaganda da Calvin Klein, músico e cresceu num dos piores subúrbios dos Estados Unidos. Hoje é um dos atores mais famosos de Hollywood. Produtor da série Entourage, Mark Wahlberg registrou mais um megassucesso com Max Payne, que após estrear em primeiro lugar nas bilheterias norte-americanas, chega nesta semana, aos cinemas brasileiros.

Em entrevista exclusiva ao Guia da Semana, o astro falou a respeito do novo trabalho, família, perspectivas de filmar no Brasil e o futuro de sua carreira, que pode estar bem próxima do final.

Podemos esperar seu retorno aos heróis de ação ou esse trabalho foi pontual?
Mark Wahlberg:
Depois de trabalhar como professor de matemática e contador, acho que foi um bom momento para voltar a fazer filmes de ação. Assim, não corro risco de enjoar das coisas, sabe. Mas, o que me surpreendeu foi ter lido o roteiro antes de jogar Max Payne, pois pude notar quantas coisas do jogo haviam migrado diretamente e eu nem imaginava. O game é muito cinemático e isso foi muito bom.

Onde Max Payne se diferencia dos demais "sujeitos com uma arma" que o cinema nos mostra?
Mark Wahlberg:
O lado emocional é o mais complexo. Tem todo esse lance de ele ter perdido a família. Como tenho três crianças maravilhosas na minha vida, pude transferir alguns medos e preocupações para ele, mas sem perder o controle e exagerar na reação. Ele é intenso demais e está numa posição na qual eu não gostaria de estar. Meu pior pesadelo é ver algo desse tipo acontecer com a minha família.

Você é tão intenso quanto ele?
Mark Wahlberg:
Sou uma pessoa de extremos. Posso ser bastante intenso ou bastante bobo. Acho que depende do momento (risos).

E ainda há espaço para música na sua vida?
Mark Wahlberg:
Estou aposentado da música, mas ainda gosto de ouvir. Confiro as rádios todos os dias, mas nada mais profissional.

Sua passagem pela cena musical foi marcante, pelo menos no Brasil. Um DJ famoso precisou mudar seu nome artístico - Marky Marky - por sua causa.
Mark Wahlberg:
Não sabia disso!(risos). Pode pegar o nome de volta, é todo seu! (gargalhadas) Vários amigos que se chamavam Mark vinham me dizer que todo mundo que tinha esse nome estava enroscado depois que passei a usá-lo como artístico. (risos)

Falando em Brasil, logo, você deve nos visitar em breve, para as filmagens de Brazilian Job. Ou isso ainda vai demorar?
Mark Wahlberg:
As chances de o filme ser feito são boas. Mas ainda estamos esperando por uma boa versão do roteiro para, então, começar a falar em filmagens. É muito complicado manter o ritmo numa seqüência, mas será algo interessante.

O que vocês esperam desse roteiro e qual deve ser a linha condutora da história?
Mark Wahlberg:
Para dizer a verdade, queremos diversão. Mas tudo tem que parecer novo e relevante. Fazer por fazer, não vale a pena.

Max Payne investiu bastante em tecnologia e novas câmeras. Isso mudou o jeito de atuar?
Mark Wahlberg:
A tecnologia não complicou muita coisa, pois, no máximo, precisei fazer alguns movimentos mais lentos para auxiliar o processo de captação de imagem.

No jogo, Max era intenso e profundo em suas motivações. Isso perdeu força com a inclusão de uma droga de forma tão aberta como no filme? Aliás, como esse elemento influenciou a história?
Mark Wahlberg:
Tudo que fiz depois que tomei a droga foi intenso demais, subimos um nível ali. Ficou muito assustador, pois criamos uma "atuação" combinada entre meu trabalho e efeitos realistas, a ponto de transformar o que eu fiz em algo bastante convincente. Por outro lado, não acredito em algum tipo de incentivo ao uso de drogas. Primeiramente, porque tudo é fictício e também por conta daquela droga ser muito mais um tipo de esteróide do que algo pesado e alucinógeno, que esteja disponível na vida real.

Quais eram seus sonhos de infância?
Mark Wahlberg:
Eu sempre queria ter um carro melhor que o do vizinho, mas sabia que ele conseguiu aquilo vendendo drogas e fazendo coisas ilícitas. Acabei vendo parte dos meus sonhos tomar outro rumo, quando comecei a trabalhar com algumas pessoas da minha paróquia. Interessante é que, quando volto lá, vejo que muitos desses caras ainda estão lá fazendo o mesmo trabalho. No fim das contas, queria ser atleta. Afinal de contas, ninguém saia de Dorchester para ser ator famoso em Hollywood.

E agora é sua carreira que se tornou a prioridade? Como a família se encaixa?
Mark Wahlberg:
Minha família é uma prioridade, na verdade. Sempre tento conciliar trabalho com horários para ficar com eles. Passar o dia dando entrevistas, por exemplo, é complicadíssimo. Justamente por isso, estou lentamente criando um cronograma que pode levar à aposentadoria ou, pelo menos, à redução drástica no número de filmes. O trabalho como produtor também exige muito. Como tenho feito muito isso ultimamente, pode ser a tendência para o restante da minha carreira.

Mesmo assim você tem passado por treinamento intenso para The Fighter (com direção de Darren Aronofsky), certo?
Mark Wahlberg:
Estou treinando bastante. É como se fosse para me tornar um lutador de verdade. Sparring, socos, resistência, trabalho de pernas, tudo. As mãos estão doendo um bocado e, como não tenho mãos reservas, quero filmar logo - antes dos 40 anos seria ótimo! (risos) - e deixar isso para trás. Estou próximo do apogeu da minha carreira (gargalhadas). O plano é filmar em 2009.

E como está o envolvimento de Brad Pitt nesse projeto?
Mark Wahlberg:
Brad deveria estar envolvido, mas não está mais. Não sei o que aconteceu. Espero que alguém tão bom quanto ele entre na jogada.



Leia as matérias anteriores do nosso correspondente:

  • John Moore: desbocado e comprometido com o entretenimento.

  • Corey Feldman: direto dos filmes dos anos 80, ator volta em Garotos Perdidos 2

  • Tobin Bell: Protagonista de Jogos Mortais não considera seu personagem um ícone do terror.


    Quem é o colunista: Fábio M. Barreto adora escrever, não dispensa uma noitada na frente do vídeo game e é apaixonado pela filha, Ariel. Entre suas esquisitices prediletas está o fanatismo por Guerra nas Estrelas e uma medalha de ouro como Campeão Paulista Universitário de Arco e Flecha.

    O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.

    Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!

    Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.


  • Atualizado em 6 Set 2011.