De Los Angeles

A tendência de remakes norte-americanos de filmes de terror orientais iniciada com O Chamado ganha seu novo representante: O Olho do Mal (The Eye, 2007), a versão do Tio Sam para A Herança (Gin gwai, 2002). Jessica Alba é a nova beldade a se aventurar pelo misticismo e sobrenatural asiático ao encarar uma violinista cega que, depois do transplante de córneas, passa a ver também o mundo dos mortos. Tenha medo, muito medo. Do filme ou dos fantasmas?
O argumento do filme é baseado na teoria da memória celular, que postula a possibilidade de um paciente que recebeu um transplante adquira hábitos ou características da personalidade do doador. Entretanto, mais que adquirir as manias de sua doadora, a violinista Sidney ganha também a capacidade de ver os mortos e também os espíritos que ceifam as almas. Entretanto, como a personagem ficou cega por décadas, ninguém acredita nela, pois, como ela nunca viu muita coisa, teoricamente, só está confusa e sem entender o que realmente é real ou imaginação. Por exemplo, ela não conhece o próprio rosto, pois ficou cega na infância. De maluca ela não tem nada e sua vida vira um inferno depois do transplante.
Além de ser, "seu próprio filme de terror", como a atriz Jessica Alba afirma, O Olho do Mal não agrega nada a um gênero ultimamente monopolizado pelos asiáticos, em especial pelos Pang Brothers (os famosos diretores chineses Oxide Pang Chun e Danny Pang, criadores de Visões, a versão original do longa-metragem americano). O filme teve baixo desempenho nos Estados Unidos faturando apenas US$ 12,4 milhões em seu fim de semana de estréia.
A seu lado está Alessandro Nivola (o irmão do personagem de Nicolas Cage em Face a Face), no papel do médico responsável por seu acompanhamento psicológico e também por sua apresentação às maravilhas da visão. Um tanto cético e nada bonzinho, ele acaba possibilitando o desenvolvimento da trama ao fazer o jogo de sua personagem e permitir que suas visões - tanto de fantasmas quanto do passado da antiga dona das córneas - guiem os acontecimentos. Por outro lado, habitualmente competente, Parker Posey faz às vezes de mera figurante e fica sem função.
O roteiro de Sebastian Gutierrez ( Serpentes a Bordo) é lógico, mas limitado e repetitivo para quem assistiu ao original. Nem mesmo a direção dupla David Moreau e Xavier Palud conseguiu compensar a fraca adaptação. O resultado final causa, sim, alguns sustos, certa tensão, mas nada que justifique o remake. O tradicional "boo" é o único que funciona aqui - aquele susto criado com uma repentina aparição ou algo aterrador e inesperado. O espectador toma um susto, salta da cadeira, mas, depois, volta a se sentar e encarar outras coisas que dão medo. Uma delas, inclusive, toca violino e se passa por cega.
Foto: Divulgação
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O que faz: Jornalista profissional há 12 anos, correspondente internacional em Los Angeles, crítico de cinema e vivendo o grande sonho de cobrir o mundo do entretenimento em Hollywood.
Pecado gastronômico: Morango com Creme de Leite! Diretamente do Olimpo!
Melhor lugar do Brasil: There´s no place like home. Onde quer que seja, nosso lar é sempre o melhor lugar.
Atualizado em 6 Set 2011.