Guia da Semana

Viagem ao Centro da Terra é o primeiro live-action filmado especialmente para uma projeção 3D.

Nos últimos anos, a indústria do cinema, principalmente Hollywood, anda preocupada com um fenômeno que está afastando o público do cinema, o DVD pirata. Mais barato do que uma sessão em uma sala convencional, o filme ilegal ainda conta com a conveniência de poder ser visto em casa, às vezes antes mesmo dos títulos originais chegarem às telas. Para conter a evasão, no entanto, a indústria aposta em uma velha forma que ajudou a manter os espectadores na década de 50, com a chegada da televisão: os filmes em 3D.

Poucos sabem, mas a tecnologia do cinema em terceira dimensão nasceu no Brasil, na década de 30. O inventor foi Sebastião Comparato, que dedicou quase 15 anos de sua vida em pesquisas para aperfeiçoar o sistema que podia ser visto sem óculos ou projetores especiais, apenas com uma tela mais moderna. Como na época o cinema ainda estava se adaptando ao filme sonoro, a invenção não fez sucesso. Anos depois, os norte-americanos criaram seu próprio sistema 3D, com os famosos óculos de papelão com uma lente azul e outra vermelha.

Fotos: Gabriel Oliveira e divulgação Cinemark
À esquerda, óculos da Dolby Digital 3D, com hastes mais largas. À direita, os da RealD, com lentes translúcidas.

Muito já se desenvolveu nesta área, mas ainda hoje os óculos são indispensáveis. Há dois principais sistemas atualmente, o RealD, que é utilizado no Brasil pela rede Cinemark, e o Dolby Digital 3D, que a PlayArte está começando a introduzir no país. Por enquanto o novo sistema existe em quatro salas de São Paulo, mas a distribuidora pretende espalhar pelo Brasil todo. Segundo Otelo Bettin Coltro, vice-presidente da PlayArte, eles estão buscando patrocinadores para a criação de novas salas com o Dolby Digital 3D. "O investimento é muito alto, é praticamente dez vezes o custo de uma sala normal".

A longo prazo, porém, parece compensar. O Cinemark possui o RealD desde 2005 e o público dessas salas é cerca de duas ou três vezes maior do que de uma sala comum, de acordo com Luciano Silva, gerente do departamento de tecnologia da rede. Além disso, como a exibição é em 3D, seria impossível criar uma cópia pirata a partir dessas imagens. Otelo afirma que, com essas salas, "um dos canais de pirataria pára de existir, porque, se fossem filmar uma exibição 3D, a qualidade dos filmes ficaria péssima".

Fotos: Divulgação Cinemark e Gabriel Oliveira
Projetores do Cinemark (esquerda) e PlayArte (direita). Apesar de semelhantes, carregam tecnologias diferentes.

Além dos filmes em terceira dimensão, estes projetores também estão aptos para exibir filmes digitais de alta qualidade. Porém, a indústria evita criar filmes para eles, já que a cópia pirata também teria uma qualidade maior. A Digital Cinema Initiatives (DCI), um órgão que regulamenta o cinema digital, criou uma série de normas para que o resultado seja praticamente o mesmo, independente do sistema usado. Dentre essas regras, está o uso da Key Delivery Message (KDM), espécies de chaves para os longas. Luciano afirma que "sem a chave, o filme não é exibido".

O gerente da Cinemark diz também que "existe uma série de configurações entre o projetor e o servidor", justamente para não permitir a cópia do filme na sala de projeção. Tanto Otelo quanto Luciano chegam a afirmar que, pelas normas da DCI, há um rigoroso controle de quando e onde cada filme está sendo exibido. Os filmes são recebidos pelas salas em um hard disk, como de um computador comum, ou via satélite, e para cada exibição é necessária uma KDM diferente. Sem estas chaves, o conteúdo se torna inútil. Segundo Luciano, a projeção é "tão simples quanto uma apresentação em powerpoint, mas todo codificado para evitar pirataria".

Outras soluções

Fotos: Divulgação
Página inicial do site da distribuidora MovieMobz.

Mas não apenas o cinema em 3D está sendo usado para barrar os piratas. A experiência do cinema também vai ser ampliada em breve em São Paulo com a chegada da sala IMAX, no segundo semestre. E até mesmo distribuidores alternativos estão pensando em formas de tornar ainda mais agradável a ida ao cinema. Uma delas é a recém-inaugurada página de relacionamentos da distribuidora MovieMobz, dos sócios Fábio Lima e José Eduardo Ferrão, da Rain Network, e Marco Aurélio Marcondes.

"É cada vez mais comum que o filme independente só venha com plataforma digital", revela Marco Aurélio. Como isto facilita o transporte das cópias, o trio decidiu criar este site que permite ao usuário dizer que filme quer ver e em qual sala, dentre as 159 digitais que o grupo tem acesso. Fábio diz que, neste sistema desenvolvido por ele, "qualquer um pode ser um programador de sessões de cinema em potencial". Assim, eles pretendem fazer que os filmes cheguem ao público interessado com mais rapidez, antes que os possíveis espectadores se cansem e comprem no camelô ou baixem da internet. Além, disso, como a página é uma comunidade, se torna mais fácil fazer amigos nas sessões.

Para agendar sessões do MovieMobz, é só entrar em www.moviemobz.com.

Onde encontrar salas 3D no Brasil:

São Paulo

Cinemark Eldorado (RealD)
Cinemark Market Place (RealD)
Bristol (Dolby Digital 3D)
Shopping Campo Limpo (Dolby Digital 3D)
Multiplex Mauá (Dolby Digital 3D)
Multiplex Bauru Shopping (Dolby Digital 3D)

Rio de Janeiro

Cinemark Downtown (RealD)
UCI NorteShopping (RealD)

Florianópolis

Cinemark Floripa (RealD)

Atualizado em 6 Set 2011.