Por Ravi Santana
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Cena de Antônia, de Tata Amaral |
Preta, Mayah, Lena e Bárbara são as quatro rappers que formam o grupo Antônia, no filme de mesmo nome. Apesar de suas interpretes serem, na verdade, cantoras e não atrizes, o conjunto é ficcional. Relatando o universo do hip hop pela visão feminina, tendo que lidar com o preconceito e o machismo, Antônia cria essas quatro personagens que têm um pouco da realidade, mas que nasceram nas telas. No cinema, não é novidade aparecer vez por outra músicos fictícios que podem fazer algum sucesso fora das salas, como é o caso das brasileiras.
Os sucessos lá de fora

Filmes baseados em personagens reais não é privilégio de Eminen. Velvet Goldmine, conta a história de Brian Slade, com sua banda Vênus in Furs, e seu relacionamento com o músico Curt Wild, no momento em que eles despontam no Glam-Rock. Mas bem poderia ser a história de David Bowie, com a banda Velvet Underground, e seu relacionamento com Iggy Pop, de onde o filme tirou inspiração.
Acontece também em Quase Famosos. A relação entre o personagem William Miller e a banda Stillwater é, na verdade, a relação entre o próprio diretor do filme, Cameron Crowe, com a banda Led Zeppelin, quando ele tinha apenas 15 anos e trabalhava como jornalista para a revista Rolling Stones.
Já no filme irlandês The Commitments - Loucos pela Fama, o empresário Jimmy resolve montar uma banda de música negra, para isso vai recrutando músicos brancos irlandeses - segundo ele, os negros da Europa - e, aos poucos, vai conseguindo obter um relativo sucesso. Tanto foi a fama conquistada por eles, que até hoje, 15 anos depois, os fictícios músicos excursionam pelo mundo, fazendo shows como The Commitments.

Com a banda Spinal Tap aconteceu o mesmo, mas por conta do filme Isto é Spinal Tap. A banda favorita de Bart Simpson nasceu deste falso documentário, que mostra as dificuldades de um famoso grupo de heavy metal em seu dia-a-dia. O filme chegou a ser mostrado ao Judas Priest, uma dos maiores conjuntos da época neste estilo, e eles não acreditaram quando lhes contaram que era uma armação e que o grupo não existia, dada a realidade com que foi mostrada a rotina dos músicos.
No musical Dreamgirls - Em Busca de um Sonho, não há este tipo de confusão. Para interpretar as personagens principais não foram chamadas atrizes, mas sim cantoras, assim como em Antônia. Para a personagem de Deena, líder do trio dos anos 60, foi chamada Beyoncé Knowles. Já para o papel de Effie White, a escolhida foi a estreante Jennifer Hudson, participante do programa American Idol, que encantou a todos recebendo diversos prêmios. As cantoras foram tão bem que três de suas canções concorrem ao Oscar 2007.
Palcos fictícios no cinema nacional

Não é raro notar que músicos ou mesmo grupos surjam das telas e tomem forma na vida real, seja aqui ou em qualquer lugar. Na maioria das vezes são elementos criados unicamente para dar verossimilhança à história, mas que pela realidade expressa acabam vindo para o lado de fora das telas, fazendo com que se crie essa ligação tão forte entre a música e o cinema.
Atualizado em 6 Set 2011.