
Um dos líderes de bilheteria no Brasil é Eu Sou a Lenda (2007). Essa é terceira adaptação do livro I am Legend de Richard Matheson. A primeira foi Mortos que Matam (1964), estralada pelo rei dos filmes de terror Vincent Price. A segunda, A Última Esperança da Terra (1971), tem Charlton Heston e zumbis-albinos que usam capas pretas e óculos Ray-Ban. O tema comum a todas as obras, que mostram um mundo em que a população foi dizimada por uma doença mortal, é o fim do mundo. Uma enfermidade, dessa vez causada por um vírus, também devasta a Terra em 12 Macacos (1995), grande filme de Terry Gilliam. O apocalipse já está há tempos na pauta do cinema e é, quase sempre, garantia de blockbusters. Algumas vezes esse mote também resulta em bons filmes.

Essa categoria de filmes mostra também uma mudança na idéia de como a nossa raça pode ser extinta, de acordo com as paranóias da época. Em filmes mais recentes como Armageddon, Impacto Profundo e Independence Day a humanidade é salva pelas bombas nucleares. O mesmo acontece no bom Sunshine - Alerta Solar (2007), filme de Danny Boyle que, infelizmente, não fez muito sucesso por aqui. Na época da Guerra Fria, porém, essas armas faziam parte dos pesadelos das pessoas e acabaram com o mundo em filmes como A Hora Final (1959), The Day After - O Dia Seguinte (1983) e Dr. Fantástico (1964), uma das obras-primas de Stanley Kubrick.

Essa obsessão pelo fim do mundo é provavelmente um reflexo do constante questionamento da humanidade sobre o seu destino e o seu papel na história. A moral da maioria desses filmes é a de que o homem sempre luta, adapta-se, improvisa, enfim, encontra uma maneira de sobreviver. Esse tema continuará retornando ao cinema periodicamente enquanto isso for verdadeiro e até o dia em que, de fato, a Terra deixar de existir.
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Fotos ilustrativas: Divulgação

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Atualizado em 6 Set 2011.