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José Padilha durante as filmagens de Tropa de Elite. |
Enquanto Tropa de Elite surge como um dos maiores sucessos do cinema nacional dos últimos anos, uma polêmica se coloca sobre ele. Muitos o consideram a favor da tortura policial. A equipe, porém, tenta explicar seu ponto de vista. Wagner Moura, o Capitão Nascimento, deixa claro que é "muito primário você reduzir o olhar do realizador do filme com o do personagem". Ele completa dizendo que "uma minoria tende a gostar dos policiais que torturam o bandido, acha que a solução da violência é que bandido bom é bandido morto, mas eu discordo".

A forma que os realizadores usaram para mostrar como esta atitude dos policiais está errada foi o conflito interno de Nascimento. Soares diz existir "um contraponto interessante, em que o discurso autoritário, aparentemente impenetrável, é enunciado por um personagem fragilizado pela ansiedade e pela hesitação". Para ele, o personagem "é incapaz de enxergar além do horizonte que determina a sua própria circunstância". Em uma analogia, o antropólogo afirma que "essa angústia se transmite como uma espécie de veneno que é sedutor como uma droga, e ao mesmo tempo é doloroso, produz sofrimento".

Para o ex-policial André Batista, co-autor de Elite da Tropa, e que inspirou o personagem Matias, "a violência é a falta do recurso policial". Ele afirma que "nada do que está na tela não existiu, tudo ali é uma ficção possível". Padilha teoriza que "a cultura da corporação policial tem a ver com o fenômeno que transforma miséria em violência" e Luis Eduardo completa que "essas polícias estão totalmente condenadas e não é possível mantê-las".

O interprete de Matias, André Ramiro, acredita que "violência não é a solução para nada, só gera mais violência", e diz esperar que "as pessoas tenham a reação para melhorar". Sobre toda a discussão, Caio Junqueira lembra a todos que Tropa de Elite "é um ponto de vista de um policial do BOPE. Ele não levanta bandeira para nada". Conhecendo o lado dos policiais, e agora convivendo com acadêmicos que estudam a questão, Batista tenta não prever o que vem depois do filme, mas acha que "se no final dessa discussão toda, os governadores definirem um papel social maior para a polícia, ele já vai ter cumprido o objetivo".
Atualizado em 6 Set 2011.