Mais um episódio da série Mercenários chega aos cinemas. É o terceiro desde o filme lançado em 2010 e, como aquele, tem um objetivo muito claro: preencher a lacuna deixada pelos grandes filmes de ação dos anos 80 e 90 e agradar ao público masculino que quer ver a boa e velha combinação de armas de fogo, amizade e humor.
“Os Mercenários 3” pode não ser inovador (nem um pouco), mas cumpre a promessa e oferece duas horas de diversão quase inofensiva. Se pensarmos friamente, assistir a pequenos massacres como se fossem brincadeira é um tipo bem macabro de diversão, mas, no cinema, isso por si só já constitui um gênero e, por enquanto, ainda é considerado “entretenimento”.
Violência à parte, o roteiro de Sylvester Stallone empurra o filme para outros campos muito mais interessantes: o conflito entre gerações, por exemplo, parece ser o tema central desta aventura.
Durante uma missão, Barney (Stallone) descobre estar perseguindo um velho inimigo que considerava morto: Stonebanks (Mel Gibson). Sabendo do perigo, o líder dos Mercenários dispensa toda a sua equipe e vai atrás de novos parceiros para terminar o serviço.
Sua motivação para fazer a troca não é das mais louváveis – está claro que ele prefere arriscar a vida de desconhecidos às de seus amigos, o que faz pensar um pouco sobre a fórmula em que se baseiam esses filmes. Veja só: morrem dezenas a cada sequência de ação, mas o público só sente a morte dos personagens que o cativam.
Os novos Mercenários, apresentados rapidamente, não chegam a cativar, por isso o público não torce tanto por eles quanto por seus velhos conhecidos: Stallone, Jason Statham, Dolph Lundgren, Randy Couture e, em duas excelentes adições ao time, Wesley Snipes e Antonio Banderas. Harrison Ford e Arnold Schwarzenegger também dão as caras, só para não ficarem de fora.
Os jovens têm seu espaço, é claro: Glenn Powell interpreta um hacker superinteligente, que permite ao grupo planejar ações mais discretas e bem menos brutas. Kellan Lutz é um garoto rebelde, que desenvolve uma relação minimamente paternal com Barney. Já Victor Ortiz acrescenta pouco ao conjunto, sendo apenas mais um garoto desrespeitoso.
Ronda Rousey (campeã de UFC) interpreta a personagem feminina da vez: Luna. Num avanço considerável em relação aos filmes anteriores (e outros do gênero), Luna é uma mulher independente do começo ao fim: não precisa ser resgatada, não falha, não se torna namorada de ninguém, não trai nem abandona o time. Ela é parte da equipe e é tratada como tal, mesmo que não tenha muita personalidade ainda.
Patrick Hughes (“Busca Sangrenta”) assina a direção, competente mas um tanto afobada nas cenas de luta, frenéticas demais. A produção é grandiosa e a sequência final da guerra é tão exagerada que chega a ser cômica – mas essa é a ideia. Quando se trata de Mercenários, mais é mais.
Assista se você:
- Gostou dos outros Mercenários
- Gosta dos filmes de ação dos anos 80 e 90
- Quer ver um filme divertido e bem masculino (mas não machista)
Não assista se você:
- Não gosta de filmes violentos
- Não gosta da combinação: homens fortões + armas + humor
- Procura um filme mais complexo, para pensar
Por Juliana Varella
Atualizado em 22 Ago 2014.