Guia da Semana



Depois de um filme que levava mais de uma hora para engrenar, Jack Sparrow e Capitão Barbossa estão de volta. Nada de uma longa introdução para uma trama mirabolante. Nada de histórias paralelas e de centenas de personagens. Desta vez, uma história simples, mas nem por isso ruim, e um filme que já começa com ótimas cenas de ação.

Já que Gore Verbinski, diretor dos três filmes anteriores, abandonou o barco (com o perdão do trocadilho) para comandar a espetacular animação Rango, ficou a cargo de Rob Marshall coreografar a nova aventura. Sim, coreografar, porque Rob Marshall é a mente brihante por trás de obras primas como Chicago e Nine, e as cenas de ação de Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas são tão bem coreografadas como nos musicais do diretor.

As duas primeiras cenas são grandes demonstrações do que vem pela frente. Muito humor do abusado Capitão Jack Sparrow, fugas mirabolantes, lutas de espada e... Penélope Cruz. Todo o desenrolar da fuga de Jack, desde o julgamento inicial até o encontro com seu pai no início do filme, chega a ser mais eletrizante e interessante que o terceiro filme inteiro. Vale lembrar que os três anteriores arrecadaram nada menos que US$ 2,7 bilhões de bilheteria mundial. Mas, agora sem Keira Knightley e Orlando Bloom, novas presenças eram necessárias. Ciente das limitações de Penélope Cruz falando inglês, o filme abusa da descedência hispânica da atriz e transforma isso em um humor quase de chanchada e de desenho animado, o que só adiciona ainda mais leveza e graça ao filme.

Sem ser arrastado, com um ou outro personagem desnecessário (como o religioso sarado interpretado pelo inglês Sam Claflin) e um vilão de dar medo (Barba Negra, interpretado pelo veterano Ian McShane), o filme é novamente de Johnny Depp que, volta e meia, solta piadinhas para a plateia, tornando-nos cúmplices de suas artimanhas mirabolantes, mas, desta vez, também pertence à Penélope Cruz e ao grande Geoffrey Rush (estupendo em tudo o que faz).

Depp já declarou que Jack Sparrow foi a melhor coisa que podia ter lhe acontecido no cinema e que repetiria o papel quantas vezes fossem necessárias. Já as adições estreladas do novo filme são em parte obra do diretor. Recém-saída do musical-homenagem Nine, também dirigido por Marshall, Penélope Cruz foi convidada por ele para viver o papel da esquentada Angélica, ex-amante de Jack e filha do temido Barba Negra.

Outra novidade do filme são as sereias. Cheios de superstições e magia, os filmes da série sempre trazem algum elemento místico. Desta vez as sereias, pintadas com alguma diferença do desenho clássico da Disney, estão presentes e a lágrima de uma delas é necessária para que se complete o ritual da Fonte da Juventude, que todos estão buscando.

Mas, no final, fica aquele gosto de diversão descompromissada, de que não fomos insultados em nossa inteligência e acabamos saindo do cinema mais leves. Vale lembrar que o filme visto na tela gigante do IMAX e em 3D tem todo um outro sabor (no Brasil, existem duas salas IMAX: no Shopping Palladium em Curitiba e no Bourbon Shopping em São Paulo). Uma aventura das melhores, digna de se tornar o Indiana Jones de uma nova geração e, como Jack diz ao final, pronta para garantir sua imortalidade.

Quem é o colunista: Flávio St Jayme.

O que faz: Pedagogo de formação, historiador de Arte, empresário de profissão, artista plástico e escritor de realização, cinéfilo e blogueiro de paixão.

Pecado gastronômico: Batata frita, Coca Cola e empanados em geral.

Melhor lugar do mundo: Aquele onde a gente quer chegar. E a gente sempre vai querer chegar em algum lugar.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Sempre: Ludov, Matchbox Twenty, Maroon Five, Jay Vaquer, Belle & Sebastian, Coldplay, Robbie Williams, Pato Fu, Irreveresíveis, Glee, trilhas de filmes.

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Atualizado em 1 Dez 2011.