Guia da Semana



Espiãs sexy sempre fizeram parte do imaginário masculino e feminino com sua pose, poder, aventura e influência no mundo das investigações. No cinema, quando Angelina Jolie anunciou o lançamento de Salt, os fãs da atriz e do gênero aguardavam ansiosamente a versão feminina do papel que consagrou, de vez, o ator Matt Damon na trilogia Bourne (só para citar um espião mais recente do cinema).

Dirigido por Phillip Noyce e escrito por Kurt Wimmer, Salt não decepciona, pelo contrário. Traz uma Angelina Jolie sexy, segura e detonando no papel de Evelyn Salt, uma espiã com uma história para lá de curiosa. Como todo filme de ação, a luta entre bonzinhos e malvados ganha uma nova roupagem, misturando realidade e ficção. Nos bad boys da vez, estão os russos e os coreanos - como ameaças por causa das armas nucleares.

A questão de escrever sobre um filme como Salt é uma armadilha, afinal, com tantas reviravoltas e segredos revelados, o risco de spoilers persegue todos aqueles que se aventuram a analisar o filme. Mas tentarei com afinco.

Na Rússia, um homem criou um império para destruir os EUA em um plano conhecido como Dia X, em que pretende matar o presidente do país. Com internatos que treinavam crianças russas que aprendem inglês e se tornem "americanos legítimos", o russo infiltra seus compatriotas americanizados em diversos setores dos EUA. Isso inclui organizações como CIA, Pentágono e FBI. A história pode parecer descabida a princípio, mas o enredo funciona. Até certo ponto, claro.

Com um prólogo bem interessante, somos apresentados a Salt que, depois de ser capturada e fortemente agredida, é recuperada pelo seu amigo e colega de trabalho Ted Winter (Liev Schreiber, cada vez melhor). Casada com Mike (August Diehl), ela se sente ameaçada após a declaração de um capturado. E aí é que o filme começa.

Com cenas de ação que funcionam, Jolie dá uma de McGyver e consegue criar as mais descabidas armas e artimanhas. Nesse jogo de gato e rato, a CIA, representada por Ted e Peabody (Chiwetel Ejiofor), usa a tecnologia em função da segurança para ganhar ares que beiram a ficção científica, como detectores dos mais modernos e explosivos, e armas de última geração.

O filme que, teoricamente, ganharia créditos somente entre o público masculino, pode atrair as garotas, por mostrar uma mulher que mistura força, beleza e vulnerabilidade. Neste último quesito e na beleza, podemos acreditar. Porém, quando se trata das cenas de ação, risos podem escapar da boca de alguns espectadores. A cena da estrada, por exemplo, onde Salt pula de um caminhão para outro com a facilidade de dar inveja a Tarzan, é marcante.

Com uma mistura da trilogia Bourne e de O Fugitivo, o filme traz uma direção de arte eficiente, um clima de tensão que não perde ritmo e funciona como ótimo passatempo aos fãs do gênero. O interessante de Salt - claro, tirando os absurdos que o blockbuster oferece - é recriar a Guerra Fria da ameaça nuclear décadas depois, como se respondesse à pergunta: "E se a Guerra Fria se concretizasse com os ataques nucleares?". Mas como o assunto e as consequências são delicados demais, o longa fica entre os conflitos pessoais e patrióticos. Aliás, como filme norte-americano, já sabemos no que vai dar.

Leia as colunas anteriores de Leonardo Freitas:

Confiança Hipócrita

Para todas as idades

De encher olhos e coração

Quem é o colunista: Um jornalista aficionado por cinema de A a Z.

O que faz: Dono do blog Dial M For Movies.

Pecado gastronômico: Lasanha.

Melhor lugar do Brasil: Qualquer lugar, desde que eu esteja com meus amigos.

Para Falar com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.