Guia da Semana



A produção é de Steven Spielberg. O roteiro e a direção, de JJ. Abrams. Para muita gente, esses dois nomes já dizem muita coisa e foram eles que garantiram a curiosidade em torno de Super 8.

Há alguns meses, o burburinho sobre o projeto que reuniria estes dois grandes nomes do cinema e TV tomou conta do público. Os criadores de ET e Lost vinham trabalhando no estranho filme e deixando os fãs de seus trabalhos cada vez mais curiosos com relação ao produto final, com teasers e aplicativos para iPhone aguçando ainda mais a curiosidade e a ansiedade.

E não é que o produto final é ótimo e deliciosamente nostálgico? Feito na medida para o público que (como eu) nasceu no início da década de 80 e cresceu assistindo filmes como Conta Comigo, ET, Indiana Jones, De Volta Para o Futuro, Tudo Por Uma Esmeralda, História Sem Fim e todas essas aventuras despretensiosas, o filme chega a emocionar pela simplicidade e carinho demonstrado para com seu público alvo. Claro que os fãs de Lost e os mais tardios (nascidos na década de 90) também vão gostar muito.

Super 8 é, acima de tudo, uma aventura. Falar muito sobre o filme deixa o risco de entregar algum segredo. A história? Um grupo de amigos pré-adolescentes de uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos está rodando um filme sobre zumbis (ótimas cenas do filme dentro do filme, aliás). No meio da filmagem, um trem descarrila e explode. Os meninos saem correndo, mas a câmera continua rodando e acaba filmando algo estranho. Sei que até aí todo fã já sabe, mas o que acontece depois é melhor não revelar. Basta dizer que os elementos característicos dos filmes de Steven Spielberg estão todos ali (como problemas com pai e aceitação, além de alguns outros), junto com muita ação, explosões e corre-corre. As referências a Conta Comigo também são claras: jovens obrigados a encarar responsabilidades da vida adulta por meio das circunstâncias, paixões infantis, descobertas. Some-se a isso humor na dose certa, objetos misteriosos, policiais "muito maus", pai superprotetor... e está pronta uma das aventuras mais bacanas dos últimos tempos.

Assim como o ótimo A Caixa, de 2009 - mas passado na década de 70 -, Super 8 se passa na década de 80 e parece realmente ter sido feito naquela época, por sua inocência, sua sensibilidade, sua simplicidade e sua despretensão. Seu elenco jovem é afiadíssimo. Encabeçado por Joel Courtney (em seu primeiro papel no cinema) e Elle Fanning (a não menos talentosa irmã de Dakota Fanning, que já tinha sido elogiada em Um Lugar Qualquer, de Sofia Coppola), o elenco infantil chega a ser melhor que o adulto, que volta e meia aparece canastrão demais. As crianças são extremamente naturais e parecem estar se divertindo tanto quanto nós com a situação.

Ao final do filme fica a sensação de que o que menos importa é o mistério central. A aventura, os romances juvenis, a nostalgia e a euforia de ver um presente destes na tela gigante de um IMAX é o que acaba contando mais. Joe Lamb será um daqueles personagens a entrar para nosso coração como fizeram o garoto de ET, os meninos de Conta Comigo ou mesmo as crianças de Jurassic Park ou o menino-robô de Inteligência Artificial. Muito obrigado, Steven Spielberg, por produzir esta delícia e por ensinar a J.J. Abrams como nos dar este presente!

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Quem é o colunista: Flávio St Jayme.

O que faz: Pedagogo de formação, historiador de Arte, empresário de profissão, artista plástico e escritor de realização, cinéfilo e blogueiro de paixão.

Pecado gastronômico: Batata frita, Coca Cola e empanados em geral.

Melhor lugar do mundo: Aquele onde a gente quer chegar. E a gente sempre vai querer chegar em algum lugar.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Sempre: Ludov, Matchbox Twenty, Maroon Five, Jay Vaquer, Belle & Sebastian, Coldplay, Robbie Williams, Pato Fu, Irreveresíveis, Glee, trilhas de filmes.

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Atualizado em 15 Set 2011.