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Vinícius D´Black, Lúcia Murat e Cristina Lage nos bastidores de Maré, Nossa História de Amor. |
Apesar de focar em seus filmes principalmente a violência, a cineasta Lúcia Murat teve formação inicial no balê clássico e sempre sonhou em fazer um musical. Ao ver uma apresentação de dança com meninos de uma favela, percebeu que poderia juntar as duas coisas. O resultado é Maré, Nossa História de Amor, inspirado em Romeu e Julieta e protagonizado por Vinícius D´Black e Cristina Lago. A diretora e os atores falaram com exclusividade ao Guia da Semana sobre a produção do longa-metragem.

No início foram feito testes com mais de 500 bailarinos de grupos de danças das comunidades, para um total de 32 selecionados para o corpo do baile, treinados com rigor pela coreógrafa Graciela Figueroa. Cantor, D´Black foi fazer o teste para tentar divulgar sua arte. Mesmo sem se considerar um bom dançarino, passou e, quando soube que precisavam de um cantor como protagonista, percebeu que ali estava a sua grande chance. Foi quando Lúcia lhe deu três meses de ensaio para mostrar que podia dar ao filme o Jonathan que ela desejava.

A experiência deste primeiro filme foi fundamental na carreira dos dois. Ao mesmo tempo em que trabalharam com outros iniciantes, contracenaram com artistas como Marisa Orth, Elisa Lucinda e Flávio Bauraqui, que puderam dar muitas dicas à dupla. Como havia muitos não-atores, Lúcia decidiu não ter um roteiro fechado, trabalhando com o improviso, o que chegou a assustar um pouco os mais experientes, mas sem grandes problemas. Vinícius mesmo revela hoje que, com seu conhecimento maior nas técnicas de interpretação, não sabe dizer como fez algumas das cenas do filme. Resultado da naturalidade de quem tinha pouca experiência.

Os cenários do filme foram feitos em favela, mas pouca coisa é mesmo na Maré. Lúcia revela que na época das filmagens o local era do Comando Vermelho, mas foi invadido pelas milícias. Porém, a equipe não teve nenhum problema. A maior parte das cenas, no entanto, foi feita em Rio das Pedras ou em Tavares Bastos, mesma favela em que foi filmado O Incrível Hulk. A diretora atenta a um detalhe na comunidade: pela falta de opções de lazer na região, as filmagens viravam um espetáculo para os moradores. "Quando terminava um take eles batiam palma, como se fosse um teatro a céu aberto", revela.

Por ser seu primeiro trabalho no cinema, a atriz revela: "fiquei chocada quando vi o filme, porque é muito difícil separar tudo o que você viveu no set de filmagem e assistir, não conseguia juntar o filme", mas revela que está apaixonada pelo resultado final. Em breve, ela também deve estrear Olhos Azuis, de José Joffily, e se dedicar ao máximo ao trabalho de atriz. Depois de terminar de gravar a novela Dance, Dance, Dance, D´Black também quer continuar na carreira, mas por enquanto sua prioridade é o CD Sem Ar, que está lançando pela Universal. Já Lúcia Murat, que lançou os dois artistas, agora só pensa em tirar férias.
Atualizado em 6 Set 2011.