Guia da Semana

Comprar, comprar, comprar. Você certamente conhece alguém cuja vida gira em torno das suas novas aquisições. E aí vem a dúvida: será que realmente precisamos de tudo o que compramos? Será que o importante por trás de cada nova bugiganga não é o status, o sentimento de ser melhor que os outros, o famoso "eu tenho, você não tem"? São perguntas que fazemos ao assistir a 1,99 - Um Supermercado que Vende Palavras, o interessantíssimo filme de Marcelo Masagão.

Em um supermercado todo branco, são vendidas apenas caixas brancas onde estão escritas várias coisas: adjetivos, slogans, frases de auto-ajuda, necessidades básicas. No fundo, são os mesmos produtos de qualquer mercado, mas, em vez de vermos o produto em si, vemos o que ele representa na cabeça das pessoas. Os clientes, com seus carrinhos, vão passando, olhando e pegando. Chegam a brigar se sobrar apenas um item. Do lado de fora, várias pessoas se aglomeram na entrada do mercado, aguardando o momento mágico em que serão chamados a fazer parte deste mundo maravilhoso do consumismo.

Se você gosta de filmes com começo, meio e fim, passe longe de 1,99, um filme sem diálogos onde só se ouve a música e as únicas palavras são as escritas nas caixas. Mas, se sua cabeça está aberta para novas experiências cinematográficas, vale a pena. Sacadas interessantes como o tratamento dado aos idosos, a visão de pessoas como instrumentos para satisfazer as necessidades de alguém, o enorme prazer de consumir, a tentação de comprar tudo e poder pagar em prestações a perder de vista (não é à toa que a prateleira "escolha a sua dívida" fica ao lado do caixa), lançam - de forma bem esquisita, é verdade - um olhar sobre a nossa sociedade.

1,99 - Um Supermercado que Vende Palavras

Diretor: Marcelo Masagão

Elenco: Air

País de origem: BRA

Ano de produção: 2003

Classificação: 12 anos