Guia da Semana

O papel da Igreja Católica durante a Segunda Guerra Mundial volta à tona. Depois do livro O Papa de Hitler, de John Cornwell, a tendência tem sido o linchamento moral do papa Pio XII por seu suposto silêncio em relação ao Holocausto. É nessa linha que se encontra Amém, filme do grego Costa-Gavras baseado na peça O Vigário, escrita em 1963 por Rolf Hochhuth e que começou toda a celeuma. Se o filme promete criar polêmica, o cartaz preparado pelo publicitário Oliviero Toscani coloca ainda mais lenha na fogueira, fundindo uma cruz e uma suástica.

Basicamente, a trama é a seguinte: o químico Kurt Gerstein, oficial da SS (que existiu na vida real), desenvolveu o gás Zyklon B para purificar a água potável usada pelos soldados alemães. Quando ele descobre que sua invenção está sendo usada para exterminar judeus nos campos de concentração, ele tenta avisar o mundo. Quem lhe dá ouvidos é o padre jesuíta Riccardo Fontana (Mathieu Kassovitz), que trabalha com o núncio papal em Berlim. Mas a cúpula da Igreja Católica ignora solenemente o pedido de ajuda de Fontana.

A verdade é que, quando Pio XII morreu, sua atuação para salvar os judeus da morte foi elogiada por várias lideranças judaicas, de rabinos à primeira-ministra israelense Golda Meir. Um historiador judeu revelou que a ação direta do papa - que preferiu agir principalmente por baixo do pano, embora também denunciasse publicamente o nazismo - salvou cerca de 850 mil judeus dos campos de concentração. Quando se faz ficção por ficção não há problema. Mas Amém é ficção tentando se passar por verdade. No caso, uma verdade falsificada.

Amém

Diretor: Costa-Gavras

País de origem: FRA/ALE/EUA

Ano de produção: 2003

Classificação: 14 anos