Guia da Semana

Em 1976, a Argentina entrou em uma ditadura militar, comandada pelo general Jorge Videla. A partir daí, começou a chamada "guerra suja", em que os militares saíram à caça de qualquer um que se opusesse ao regime. Milhares foram mortos ou desapareceram. Os pais de Harry (interpretados por Ricardo Darín e Cecilia Roth), um advogado e uma cientista, não podem mais ficar por muito tempo em Buenos Aires. Sabendo que são procurados pelo governo, decidem fugir, levando consigo os dois filhos, e se instalam em uma casa de campo, longe da atenção dos militares.

Para os meninos, a mudança é terrível. Significa deixar a escola e os amigos. Mas também pode ter seu lado positivo. Harry, particularmente, gosta da idéia de terem que usar nomes diferentes (seu nome verdadeiro nem é Harry - ele o escolheu por causa do famoso ilusionista Houdini), mesmo sem entender muito bem o motivo da mudança. Ele também conhece Lucas, um jovem que vem morar com a família por algum tempo. E terá a oportunidade de se aproximar mais de seu pai e aprender com ele valiosos segredos.

Kamchatka é contado unicamente pela perspectiva de Harry: a platéia só sabe o que ele sabe: que sua família está se mudando por alguma razão, que um estranho vem morar com eles, e que voltar para casa não é seguro. Não sabemos o que os pais de Harry fizeram para ser procurados, o que eles tanto conversam, aonde vão quando estão fora, não sabemos quem Lucas é e o que fez. Pode ser um contraste com o cinema norte-americano, que não resiste à tentação de nos explicar tudo nos mínimos detalhes, mas foi uma escolha acertada. Kamchatka não tem a pretensão de ser um filme "histórico", apenas usa a ditadura como pano de fundo para mostrar o valor da resistência e da dignidade.

Kamchatka

Diretor: Marcelo Piñeyro

Elenco: Ricardo Darín

País de origem: ARG

Ano de produção: 2002