Guia da Semana

Cathy Whitaker (Julianne Moore) tem aquela vida ideal da dona-de-casa dos anos 50: ela é casada com um executivo bem-sucedido, Frank (Dennis Quaid), vive em uma casa enorme com os dois filhos e passa boa parte do tempo com o círculo de amigas de sua cidade no Connecticut. É verdade que Frank tem trabalhado muito nos últimos dias, e chegado tarde em casa. Também parece exagerar um pouco no álcool, mas nada disso parece abalar a felicidade do casal. Uma noite, porém, Cathy decide levar o jantar do marido ao escritório, mas tem a maior surpresa de sua vida: encontra Frank com outro homem.

Ela não conta nada a ninguém, e sugere que Frank procure um médico para tentar se curar, mas o processo não vai ser nada fácil. Sua única fonte de consolo é a amizade com Raymond Deagan (Dennis Haysbert), o jardineiro negro, que adora as artes e educa sozinho a filha. Mas é a época em que Martin Luther King ainda estava começando a se tornar uma personalidade nacional, e a amizade inter-racial leva a todo tipo de comentário e fofoca maldosa, inclusive entre as amigas mais próximas de Cathy. Pressionada entre a homossexualidade do marido e o falatório da cidade inteira, ela descobre que, na verdade, está muito Longe do Paraíso e precisa decidir o que fazer com Frank e Raymond.

Além da reconstrução perfeita dos anos 50, um dos trunfos deste filme de Tood Haynes, indicado a quatro Oscars em 2003 (incluindo melhor roteiro original e melhor atriz, para Julianne Moore), é mostrar a moral vigente na época sem fazer um julgamento: o espectador não recebe uma mensagem do tipo "hoje sabemos mais do que aquelas pessoas sabiam". Num tempo em que os programas de televisão ignoravam a homossexualidade e o racismo, não se podia esperar que as pessoas daquele tempo vissem a realidade como nós a vemos hoje, e Longe do Paraíso acerta na abordagem.

Longe do Paraíso

Diretor: Todd Haynes

Elenco: Julianne Moore

País de origem: EUA

Ano de produção: 2002

Classificação: 14 anos