Mas as provas eram apenas as revistas? O documentarista Andrew Jarecki entrevistou várias pessoas envolvidas: os próprios Friedmans (exceto o irmão do meio, que se recusou a falar), autoridades policiais, supostas vítimas, advogados de defesa. Enquanto algumas confirmavam as acusações sem pestanejar, outras diziam nunca terem sido molestadas. Os métodos de interrogatório da polícia são colocados em dúvida: como falar com crianças que supostamente sofreram violência sexual? E a acusação contra os Friedmans pode ter bases muito mais frágeis do que se imagina.
Pedofilia nunca é um assunto fácil. E isso fica muito claro em Na Captura dos Friedmans, que, para o público brasileiro, evoca um caso não muito distante, o da Escola Base, onde pessoas inocentes passaram pelo linchamento moral. O filme não pretende ser uma reportagem investigativa com o objetivo de saber se Arnold e Jesse são culpados ou não - talvez devesse: um bom jornalista investigativo poderia fazer uma lista com dezenas de perguntas que poderiam ter sido feitas aos entrevistados, mas não foram. Pedofilia à parte, um dos lados mais deprimentes do documentário é acompanhar o desmoronamento lento e doloroso dos Friedmans, as discussões familiares, a falta de confiança de Elaine em Arnold e a revolta dos filhos contra ela, e uma incômoda lavagem de roupa suja diante das câmeras, em que Elaine fala da vida sexual do marido e acusa os filhos, que rebatem as acusações, ajudados pelo irmão de Arnold. Escolhido como o melhor documentário no Festival de Sundance e favorito da crítica na Mostra BR de Cinema em 2003, o longa concorreu ao Oscar da categoria.
Na Captura dos Friedmans
Diretor: Andrew Jarecki
País de origem: EUA
Ano de produção: 2003
Classificação: 14 anos