Guia da Semana

Numa cidade portuária do norte da Espanha, o desemprego chegou com força depois do fechamento do estaleiro local. Os antigos empregados agora se reúnem no bar de Rico, que também trabalhava no mesmo local. Para eles, a vida se transformou em um eterno domingo, mesmo que o calendário acuse uma Segunda-Feira ao Sol. A diferença é que, enquanto para os empregados o descanso semanal é a recompensa pela semana trabalhada, para os demitidos do estaleiro a inatividade só ajuda a aumentar a depressão.

A maioria nem tem mais forças para procurar trabalho. Só um deles ainda se submete ao ritual das entrevistas, mas vive perdendo as vagas para candidatos mais novos. Os outros recorrem a bilhetes de loteria, ou nem isso. Amador vive se embriagando; para Jose, nem tudo são trevas pois a mulher tem um emprego, mas seu orgulho sofre com isso; Reina é o único que tem uma ocupação, fato que o distancia dos demais; e o líder do grupo é o mulherengo Santa (Javier Bardem), que também está em crise, consciente da triste realidade: mesmo que ele encontrasse uma mulher interessante, o que teria para oferecer a ela?

Segunda-Feira ao Sol bate na mesma tecla do francês A Agenda, em que um vendedor demitido escondia o fato da mulher e forjava viagens e compromissos profissionais: o trabalho (ou a falta dele) tem um efeito significativo sobre a dignidade e a auto-estima das pessoas. Este longa, que pode tocar fundo a platéia brasileira em tempos de crise, foi o escolhido pela Espanha para representar o país na corrida pelo Oscar 2003, deixando para trás Fale com Ela, e ainda desbancou o filme de Almodóvar no Goya, o principal prêmio do cinema espanhol, ganhando cinco categorias, incluindo melhor filme, diretor e ator (Javier Bardem, já indicado ao Oscar por Antes do Anoitecer).

Segunda-Feira ao Sol

Diretor: Fernando León de Aranoa

Elenco: Javier Bardem

País de origem: ESP/FRA/ITA

Ano de produção: 2002

Classificação: Livre