Guia da Semana

Ulysse e Michel-Ange vivem no meio do nada com Cleopatre e Venus, quando chegam dois soldados do rei com uma convocação: os camponeses foram chamados para a guerra. Iludidos pelas promessas dos soldados de que poderão fazer o que quiserem e se apoderar de tudo o que o inimigo tem, os dois vestem o uniforme e partem. Como todo soldado em começo de conflito, eles estão felizes e confiantes. Mal sabem que, em Tempo de Guerra, nem tudo são flores. Depois de muito lutar, com direito a fuzilar e violentar quem quiserem, os dois voltam para casa, estropiados, feridos e ainda pobres. Seu país perdeu a guerra. O rei teve de fazer várias concessões, e ainda enfrenta uma revolução em seu país. Dos combates, tudo o que Ulysse e Michel-Ange trouxeram foram ilusões de que, um dia, quando chegar a paz, eles tomarão posse de todas aquelas riquezas prometidas.

Na tentativa de fazer uma metáfora de todas as guerras, Godard fez tudo fictício demais: não sabemos em que país vivem os camponeses, por que seu reino está em guerra ou quem são os inimigos (em um certo momento, eles encontram uma guerrilheira comunista e, antes de matá-la, deixam que ela recite um poema pacifista). Da Itália, os soldados vão de caminhão para a Polônia, depois para o Egito, e ainda têm um tempinho para ir aos Estados Unidos e ao México (e o mundo inteiro fala francês). Também não se sabe por que a guerra termina. Uma eventual narração em "off" contando sobre a guerra é substituída por letreiros extraídos de cartas verdadeiras de soldados franceses, escritas entre o período napoleônico e a Segunda Guerra Mundial. A verdade é que, em temos de filmes de guerra, na década de 60 já se fazia coisa bem melhor. E, quanto a filmes pacifistas, prefira A Grande Ilusão. Um detalhe técnico importante para a platéia brasileira que não fala francês: as legendas brancas tornam alguns diálogos impossíveis de entender.

Tempo de Guerra

Diretor: Jean-Luc Godard

Elenco: Eve

País de origem: FRA

Ano de produção: 1963

Classificação: 16 anos