História A gravidez ectópica foi descrita pela primeira vez no século 11. Acreditava-se que era conseqüência de uma forte emoção sofrida pela mulher durante o ato sexual. A primeira documentação desse tipo de gestação foi realizada na autópsia de uma prisioneira executada. O primeiro caso relatado de cirurgia para tratamento ocorreu na França, em 1714. Com o início da prática de anti-sepsia, anestesia, uso de antibióticos e transfusão sanguínea, as taxas de sobrevida cresceram. |
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O ginecologista e obstetra da maternidade do Hospital Albert Einstein Eduardo Cordioli explica que a única gestação ectópica que pode gerar filhos vivos é a abdominal, pois as outras rompem na oitava ou nona semana. "De qualquer forma, cerca de 95% das gestantes abdominais abortam naturalmente até o quinto mês. Vinte e cinco por cento das que sobram dão à luz um feto vivo. Entre eles, cerca de 70% são malformados e boa parte possui retardo mental, em função da oxigenação ineficiente", diz. A ginecologista Mônica Puget acrescenta que os riscos são grandes para o bebê porque ele não tem a proteção do útero.
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Durante o pré-natal, é importante fazer exames complementares normais acrescidos de alguns específicos (USG com Doppler). O diagnóstico preciso pode ser realizado com tomografia e ressonância magnética, obtendo imagens com o local exato da placenta. O parto é feito com anestesia geral ou raqui (na coluna), pela cirurgia abdominal (laparotomia exploradora), que tem duração variável, sendo necessárias análises durante o procedimento para evitar grandes sangramentos e riscos maternos. No pós-operatório, recomenda-se abstinência sexual até a próxima menstruação.
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A secreção do HCG (hormônio produzido pelo embrião) e do progesterona ocorre semelhante a uma gravidez normal, começando a falhar com o passar do tempo. Associado a isso, há pouco suporte lúteo (massa de células secretora de progesterona) e muito sangramento. Por causa da má implantação do feto, é comum a diminuição da função pulmonar (hipoplasia), caso ele venha a nascer. A ginecologista membro do serviço de reprodução humana da Escola Paulista de Medicina Denise Coimbra ressalta que, "caso a gestação seja diagnosticada precocemente, deve ser interrompida, por gerar risco de vida materno". Até 12 semanas, a suspensão pode ser feita com medicamentos e, depois, apenas com cirurgia.
Por quê?
Causas da gravidez ectópica
? Fatores funcionais tubários (alterações, infecções...) ? Fatores mecânicos (alterações na pelve - aderências, tumores; alterações na anatomia das trompas - obstruções estenoses; etc.) ? Aumento da receptividade da mucosa tubária ao óvulo fertilizado ? Reprodução assistida ? Falha da contracepção (DIU, minipílula, laqueadura) A ginecologista Letícia Beltrão lembra que 50% dos casos de gravidez ectópica não apresentam fatores de risco. Mesmo assim, fatores que podem ocasionar o problema são: Alto Risco: história de infecções nas trompas (salpingites), anomalias nas trompas, uso de DIU, prenhez ectópica anterior, endometriose, procedimentos cirúrgicos prévios nas trompas como ligadura e plástica. Risco moderado: infertilidade tratada com indutores da ovulação, múltiplos parceiros sexuais, infecção ginecológica antiga sexualmente transmissível. Risco leve: cirurgias abdominais prévias, uso frequente de duchas vaginais, tabagismo, início da atividade sexual com menos de 18 anos. |
De acordo com a responsável pelo serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Adventista de São Paulo, Aldemira Farias Koch, as causas da gravidez ectópica incluem os hormônios, uma vez que níveis elevados de estrógeno ou progesterona podem imobilizar a musculatura e os cílios da tuba, fazendo com que o ovo se desprenda no tempo errado e fecunde em local impróprio. Cordioli lembra que não há como evitar o problema e que a inseminação artificial aumenta as chances do tipo cornual. A detecção da gravidez pode começar com a própria gestante, quando ela observar dor abdominal, sangramento genital e princípios de desmaio. Avisando ao médico, ele fará os exames necessários para diagnóstico.
Diagnóstico
Exame Físico - o abdômen encontra-se hipersensível à palpação. Ao toque bimanual, poderá ser notado o útero discretamente aumentado ou normal. Exames Complementares: Dosagem de beta-HCG - numa gravidez tópica ou normal pode-se identificar o HCG no sangue cerca de sete a dez dias após a ovulação. Quando a gravidez segue seu curso normal, os níveis dobram a cada 48 horas. Caso não ocorra a elevação em mais de 60% em seus níveis no período, suspeita-se de gravidez anormal. O tecido da ectópica pode apresentar níveis mais baixos de HCG em relação à gravidez tópica. Ultrassonografia (USG) - quando há suspeita de gravidez ectópica, o médico tenta localizar o concepto. Se ele não for encontrado, há anormalidade. Outros achados anormais à ultrassonografia incluem: massa anexial, líquido livre na cavidade peritoneal, saco gestacional com batimentos cardiofetais. Doppler - o estudo do Doppler colorido transvaginal tem uma sensibilidade de 96% e uma especificidade de 93% no diagnóstico da gravidez ectópica. (indicando o melhor exame complementar para fechar o diagnóstico). Laparoscopia - às vezes, somente a laparoscopia possibilita o diagnóstico definitivo da gravidez abdominal, permitindo o diagnóstico de 90% dos casos. |
Colaboraram:
? Aldemira Farias Koch
? Denise Coimbra
? Letícia Beltrão
? Mônica Puget
Downtown - Av. das Américas, 500, Bl. 04, C.320 - RJ
Fone: (21) 3171-3171
? Eduardo Cordioli
? Patrícia Magier
Atualizado em 10 Abr 2012.