Guia da Semana

Escrever uma coluna é dar a cara a tapa. Até aí, nenhum problema. Escrevo para sites e outros veículos há mais de 10 anos. Até hoje, poucas vezes saí do sério com alguma reação mais inflamada. Desde que cheguei aqui no Guia da Semana, tenho recebido alguns e-mails e alguns comentários nos próprios textos, quando há essa possibilidade. Até agora, não recebi nenhuma mensagem de ódio. Porém, a reação de alguns leitores a respeito da minha coluna condenando os remixes, me chamou atenção. Fui chamado de velho. Fiquei intrigado: por que a palavra velho se tornou uma ofensa na nossa sociedade? Qual o problema em ser velho? O que há de errado com isso? Não há nada. Por que não gostar de remix é coisa de velho? Não sei.

Tenho certeza de que não são só os jovens que gostam de novidades. E, convenhamos, remix nem é uma coisa tão nova assim, eu diria até, que já está ultrapassado. Mash-ups e edits são muito mais atuais. Tenho 30 anos e ainda espero viver muito. Quem me conhece, sabe o quanto sou curioso e quanta coisa ainda quero aprender e conhecer. Caro leitor, não se preocupe, não vou te fazer de divã. É que depois de ficar alguns dias pensando sobre esse lance da velhice, me deparei com um texto que também tinha como mote os velhos. Durante a minha semana de ausência, este espaço foi ocupado pela colega que, basicamente, condenou a presença de "gente velha" na balada. Entendo o incômodo, citado na coluna dela, de ser xavecada por tigrões. Mas, não vejo diferença entre ser xavecada por um cara mais velho e por um cara que você não tem interesse. O fora é o mesmo.

Bom, primeiramente quero dizer que sou a favor de que as pessoas possam se divertir sempre, não importa a idade. E, não acho que exista balada certa ou errada para pessoas que já são adultas. De acordo com o raciocínio colocado no texto, as pessoas precisam ficar cada uma no seu galho, de que os clubs não são lugares para quem já passou dos 40 anos. Talvez também não seja para quem tem 25. Afinal, quem está nessa idade já tem que estar casado e criando os filhos em casa. É claro que isso é uma ironia. O que eu quero dizer é que existe espaço para todo mundo na noite. Eu adoro ver uma galera mais velha na balada. Pra mim, funciona como um incentivo. Sempre penso: poxa, quero chegar aos 40, 50 anos com esse pique, saindo pra balada, dançando e curtindo a noite.

Sei que tem muita gente acima dos 40 anos que ainda tem vontade de sair para a balada mas que não encontra um lugar onde a maioria das pessoas esteja nessa faixa etária e se sente mal em ir num lugar onde as pessoas têm em média 20 e 30 anos. Ou seja, falta oferta de baladas para esse público. Um dos poucos, é o Memphis, em Moema. Lá, a galera mais velha se esbalda ao som de rock e de música pop de FM. Tem fila na entrada todos os dias. Quem ainda acha que "velho" não gosta de sair a noite para uma balada, está enganado. Se surgissem mais casas, garanto que estariam todas cheias. Longa vida a todos aqueles que são devotos da pista de dança.

Quem é o colunista: Eu? Eu sou o Luiz Pattoli.

O que faz: Jornalista, andarilho e editor do www.churrascogrego.com.br

Pecado gastronômico: Vindo com saúde, eu traço.

Melhor lugar do Brasil: O estádio da Rua Javari.

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.