Guia da Semana

Foto: Divulgação/Ed. Leya

Em The Walkind Dead, os zumbis atormentam a vida do policial Rick e sua família

Você se apaixonaria pelo vampiro Edward se ele tivesse olhos caídos e pele putrefata? E se a invasão dos mortos-vivos começasse por uma grande cidade brasileira, o que faria? Sairia pelas ruas com uma espingarda ou se isolaria num bunker altamente vigiado, quase um hospício? Se você ainda não parou para pensar nessas questões, não perca tempo. A invasão zumbi está aí, e será impossível evitá-la.

As evidências se acumulam. O seriado The Walking Dead atingiu picos de audiência no canal americano AMC e também aqui, restransmitido pela Fox. As zombie walks se espalharam pelo mundo - em São Paulo, o evento reuniu pelo menos três mil pessoas no centro da cidade, no ano passado. A Capcom, gigante dos games, promete quatro novas edições de Resident Evil para celebrar os 15 anos da franquia.

O mercado editorial, fonte primária da contaminação, aumentará ainda mais as baterias. Depois do sucesso do Guia de Sobrevivência a Zumbis e de Guerra Mundial Z, novas obras ampliam o conhecimento e olhares sobre esse mito nascido na cultura de massa. O Guia de Sobrevivência ganha versão ilustrada e chega às livrarias até o início do segundo semestre, mesmo período do lançamento de Apocalipse Zumbi, o primeiro livro envolvendo essas bestas-feras escrito por um autor brasileiro. O almanaque Zumbi: o Livro dos Mortos e o romance Sangue Quente completam a lista. Este último, aliás, já tem versão cinematográfica em fase de pré-produção. Tudo isso confirma: 2012 será o ano dos zumbis.

Um amor de zumbi

Mas por que essa criatura morta-viva que se alimenta de cérebro e é desprovida de qualquer apelo sexual ou psicológico desperta tanto fascínio? Quem resolveu escrever sobre o tema responde: "Não tinha um interesse específico em zumbis na época em que eu comecei a escrever o livro, mas sempre me interessei em explorar as perspectivas de pessoas ou criaturas incomuns, e zumbis me pareciam subaproveitados. Queria ver o que aconteceria se eu começasse a escrever do ponto de vista de um monstro geralmente visto como desprovido de consciência", explica Issac Marion, autor de Sangue Quente (Warm Bodies, no original).

Marion publicou o conto original na internet, que foi parar nas mãos de um agente literário e de um produtor de Hollywood, que viu a possibilidade de explorar os sentimentos de R., o zumbi-protagonista que se interessa pela humana Julie. Mesmo com o clima de romance no ar, ele garante que a obra não é um mero Romeu e Julieta de vísceras abertas.

"Espero que o livro não inspire uma enxurrada de histórias de zumbis com 'coração de ouro'. Há momentos aterrorizantes, mas no geral, acho que o livro é muito mais focado em relações humanas e em temas filosóficos do que em cenas assustadoras ou nojentas", comenta o autor. Mesmo com essa ressalva, os jovens atores Nicholas Hoult e Teresa Palmer já estão confirmados para a adaptação cinematográfica, a ser dirigida por John Levine. O livro de Marion ganhou a aprovação e promoção de ninguém menos que Stephenie Meyer, a autora da saga do vampiro Edward e da mocinha Bella. Ou seja, Warm Bodies tem tudo para ser o "Crepúsculo Zumbi".

Espelho bizarro do humano

Arte: Edson Santos

De Bela Lugosi ao zumbi contemporâneo, o mito acompanhou a cultura americana

Os pormenores desse mundo bizarro, que funciona fora das regras racionais, são relatados no livro-almanaque Zumbis: O Livro dos Mortos, do jornalista britânico Jamie Russell. Dos primeiros relatos em reportagens jornalísticas sobre culturas exóticas, na década de 1920, até o universo de games como Resident Evil, a obra detalha como o mito contemporâneo se formou sob o signo da paranoia norte-americana. A tensão do Entre-Guerras da década de 30 fez com que Hollywood investisse nos filmes de terror, dando ao morto-vivo zumbi seus primeiros filmes. Já a partir de 1950, ganhou força a questão biológica e da invasão externa, típicas da Guerra Fria. Nos dias de hoje, é o terrorismo o novo preto do horror no mundo contemporâneo. O escritor brasileiro Alexandre Callari concorda.

"O personagem serve como metáfora do medo primordial de ser devorado vivo, de ser canibalizado, invadido e destruído por alguém que lembra você mesmo. O zumbi é essa perda de tudo que entendemos como civilização, uma entrada definitiva no estado de barbárie", explica o autor de Apocalipse Zumbi, o primeiro livro de uma trilogia a focar nos mortos-vivos. Na história, quatro anos após a grande epidemia, sobreviventes são obrigados a viver em comunidade para se proteger dos zumbis que tomaram conta do mundo. Para os humanos, só há duas opções: ou enfrenta-los do lado de fora ou encarar o terror psicológico a que são submetidos por força do convívio.

Apesar de todas as referências ao zumbi clássico, a ambientação e as referências são brasileiras, sem o excesso bélico estadunidense. "Mesmo sem a referência explicita, a história se passa em São Paulo e quem ler vai reconhecer traços claros da nossa realidade, como ônibus com catracas e pás para defesa, sem tacos de beisebol", ri o autor. Produzida pela editora Évora, a obra será lançada em julho e trará encartada um CD de trilha sonora, composta pelo autor e tocada pela banda Dream Vision, de Araraquara.

Salve-se quem puder

No livro de Callari, o ser humano acaba sendo mais perigoso do que os zumbis, e as reações dos sobreviventes às situações adversas servem como alertas aos caminhos tomados pela sociedade atual. "Não acredito que um lobisomem permitisse tal grau de crítica social". Essa característica única dos zumbis, esse personagem sem identidade própria e disperso na massa, é aproveitada desde a década de 70 pelo cineasta George Romero, e mais recentemente por Max Brooks. Filho do comediante Mel Brooks, o autor, que já fez parte do grupo de redatores do humorístico Saturday Night Life, vem trabalhando o tema desde o final dos anos 90. Com alguma defasagem, os títulos têm sido publicados no mercado brasileiro pela editora Rocco.

O primeiro, Guia de Sobrevivência Zumbi, é uma sátira aos manuais de escoteiro. O texto disseca o zumbi com rigor pseudo-científico, avaliando suas habilidades e características e ensinando aos humanos leitores como se defender das insurreições e quais as melhores armas para o combate. Ao final, detalha como hordas de necrófilos destruíram comunidades inteiras em diversas partes do mundo. A partir do segundo semestre deste ano, os fãs brasileiros poderão curtir as histórias em graphic novel, com ilustrações de Ibraim Roberson.

Já Guerra Mundial Z traz os relatos de sobreviventes da maior insurreição zumbi vivida pela humanidade, recolhidos por um agente da ONU. World War Z, título no original, está em fase de filmagem e terá Brad Pitt e Meirelle Enos nos papéis principais. O lançamento está previsto para o ano que vem. Se até o mais corajoso ator holywoodiano está treinando para encarar essas bestas-feras, convém a todos prepararem suas pás.

Estante zumbi

Sangue Quente
Autor: Isaac Marion
Tradução: Cassius Medauar
Editora: Leya
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 256
Preço: 34,90
Lançamento: abril de 2011




Zumbi: o Livro dos Mortos
Autor: Jamie Russel
Tradução: Érico de Assis e Marcelo Andreani de Almeida
Editora: Barba Negra/Grupo Leya
Formato: 23 X 20 cm
Páginas: 464
Preço: R$ 44,90
Lançamento: outubro de 2010



Apocalipse Zumbi - Os primeiros anos
Autor: Alexandre Callari
Editora: Évora
Páginas: 336
Formato: 16 x 23 cm
Lançamento: julho de 2011





O Guia de Sobrevivência a Zumbis - Proteção total contra mortos vivos
Autor: Max Brooks
Tradução: Amanda Orlando e Gabriela Fróes
Editora: Rocco
Páginas: 336
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 36
Lançamento: outubro de 2006



O Guia de Sobrevivência a Zumbis - Ataques Registrados
Autor: Max Brooks
Ilustração: Ibraim Roberson
Tradução: Leonardo Villa-Forte
Editora: Rocco
Formato e preço: não definidos
Lançamento: 2º semestre de 2011




Guerra Mundial Z - Uma história oral da guerra dos zumbis
Autor: Max Brooks
Tradução: Rita Vinagre
Editora: Rocco
Páginas: 368
Formato : 14 x 21 cm
Preço: R$ 49,50
Lançamento: junho de 2010

Atualizado em 1 Dez 2011.