Guia da Semana

My Chemical Romance é uma das bandas que servem de modelo
Foto: mychemicalromance.com

Não só quem usa, mas qualquer um que observe, sabe que o visual emo é cheio de detalhes e exige muita preparação: arrumar a franja, passar lápis no olho, entrar na roupa apertada e se encher de acessórios. Inspirados no esquálido visual dos integrantes das bandas de emocore, muitos meninos estão deixando de comer para ficar com a silhueta do mesmo tamanho do jeans, ou seja, skinny. Isso está dando origem a uma nova e perigosa mania, a emonorexia (emo + anorexia).

Rotular alguém de emo já não ofende tanto, pois o adjetivo se popularizou e qualquer pessoa que use preto é erroneamente encaixada na classificação. Entretanto, utilizar o termo emononoréxico é colocar o dedo na ferida dos integrantes dessa tribo, afinal ninguém gosta de ser chamado de doente. Ainda pouco falada no Brasil, mas muito criticada nos Estados Unidos, a emonorexia mostra que nem sempre a admiração pelo ídolo é saudável.

A busca de modelos é comum na adolescência, como explica a psicóloga Karen Camargo: "É saudável para o jovem ter um grupo com o qual se identificar, seja de amigos ou uma banda de rock. Mas desenvolver um transtorno alimentar por causa disso não é normal". As vítimas da emonorexia são meninos fãs de bandas como My Chemical Romance, Fall Out Boy ou Panic At The Disco.

Felipe: fã de Simple Plan
Felipe Souza, 16 anos, confessa que os integrantes das bandas são as maiores influências na hora de se arrumar e que se inspira, principalmente, no visual de David Desrosiers, baixista do Simple Plan. As roupas apertadas são maioria em seu guarda-roupa e ele garante que não sofre para manter a forma física: "Eu já sou magro, por isso não preciso me preocupar. Mas não como muito, não sinto vontade".

Segundo a psicóloga, a preocupação excessiva com a forma não é causada apenas pelo fanatismo, mas também por questões culturais, familiares e genéticas: "Na televisão e nas revistas não há gordinhos e, quando há, geralmente não é com uma boa conotação. Experiências negativas na família com relação ao alimento também favorecem o desenvolvimento de distúrbios como anorexia e bulimia. Sem falar nos transtornos de personalidade, quando o jovem quer ficar doente para receber a atenção dos pais, por exemplo".

Embora as meninas sejam as mais afetadas pelos distúrbios alimentares, os meninos sofrem com os mesmos sintomas: "Entre eles é mais camuflado. Até um tempo atrás, o padrão de beleza era ser musculoso. É difícil achar um menino que fale de dieta, de emagrecer", conta a nutricionista Daniela Jobst. Se você tem admiração exagerada por um músico, é bom se controlar, pois a cura para a emonorexia não é barata: "O tratamento é multiprofissional, vai trabalhar a visão que o paciente tem do alimento. É necessário acompanhamento psiquiátrico, pois em alguns casos, é necessário medicação, como antidepressivos, além da dieta elaborada pelo nutricionista", explica Daniela.

Pernas finas, costelas à mostra e rosto chupado, além de não ser saudável, não é nada bonito de se ver. Poucas garotas gostam de ficar com um menino mais magro que elas. Mesmo estando dentro dos padrões de beleza, depois de um certo tempo você ficará descontente com o próprio corpo. Um exemplo é o cantor Daniel Johns, vocalista do Silverchair, que compôs a música Ana´s song como um desabafo sobre sua anorexia. Os integrantes das bandas de emocore fazem sucesso mais por cantar as angústias dos teens do que pela aparência. Por isso, não caia na armadilha do espelho nem se feche em um mundo próprio: "Um menino com emonorexia sofre socialmente, é discriminado, pois se identifica apenas com seu grupo", alerta a psicóloga.

Serviço:

Karen Camargo - Psicóloga Comportamental Cognitiva
Telefone - (11) 3758-5642
www.karencamargo.psc.br

Dra. Daniela Jobst - Nutricionista Clínica Funcional
Telefone - (11) 3085-0410
www.nutrijobst.com

Atualizado em 10 Abr 2012.