Guia da Semana

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Este é sem dúvida um complexo e desafiante assunto para pais e educadores, que ao atingir mundialmente grande dimensão, passou a ser estudado nas esferas da política e da segurança pública.

Infelizmente, não é raro ver ou ler nos jornais notícias alarmantes sobre atos de constrangimento causados por jovens que ainda deveriam estar brincando. Vandalismo público, violência familiar e escolar, agressão gratuita e auto-agressão estão documentados em artigos, fotos e filmes.

Essa grande incidência de comportamento truculento entre grupos de jovens, que passam rapidamente da briga entre iguais, para o massacre físico e psicológico, cujo estudo vem preenchendo as prateleiras das livrarias - fruto da pesquisa de educadores e cientistas, alarmados com as conseqüências desse problema, que não está ainda totalmente esclarecido.

Como profissional ligada a educação e a saúde, tenho constatado pessoalmente que, ao longo destes últimos anos, o fato aumentou quantitativamente, e que cada vez crianças mais novas estão envolvidas nos acontecimentos, nem sempre como vítimas!

Difícil é explicar aos pais, porque até uma criança pequena pode ser autora de comportamentos impulsivos, explosivos, absolutamente fora do controle dos adultos, como ataques de birra, de verdadeira ira, depredação de bens, uso de vocabulário desrespeitoso, insolência, deboche, pouco caso, crueldade, destruição de propriedade alheia, entre outros.

Infelizmente, enquanto as crianças são pequenas, por uma questão de proximidade amorosa ou até por negligência, a família vai deixando passar as melhores ocasiões para educar, repreender e orientar. Muitos pensam: "puxou para fulano", "eu era assim" ou "com o tempo passa". Triste engano! Tirando as patologias psiquiátricas que justificam alguns desses comportamentos, o que falta é energia a esses pais e esclarecimento sobre o desenrolar futuro do modo de agir de seu pequeno tirano.

Limites e controle, não se ganham de um momento para o outro. É preciso aprender, vivenciar o respeito dentro da própria família. Infelizmente, vítimas de agressões físicas, abusos de toda ordem, maus-tratos emocionais e rejeição. Muitas crianças e jovens nem imaginam o que seja respeito ao próximo. Presenciam seus avós serem menosprezados, humilhados e explorados em todos os sentidos, passam por experiências diárias de brigas, discussões em seus lares, assistem à valorização excessiva dos bens materiais e o rechaço aos valores morais e espirituais.

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Vivendo desde cedo em comunidades violentas, sem orientação de adultos, expostos horas e horas aos filmes, jogos, brincadeiras, todos veiculados na tv, internet ou nas diversas publicações existentes. O comportamento truculento e impune torna-se cada vez mais arraigado e passa a fazer parte da personalidade da criança. Assim, com o tempo, com o acesso fácil ao álcool, às drogas e armas, o dinheiro fácil passa a ser o valor ambicionado, custe o que custar!

E não estou falando apenas de crianças abandonadas ou que vivem em periferias menos abonadas: sob uma capa de sofisticação, de falso modernismo, essas coisas acontecem em toda gama de classes sociais e econômicas.

É claro que o estresse socioeconômico na família, a miséria, a fome, a privação de afeto, o abandono da escola e o pouco cuidado dos pais tornam os indivíduos mais susceptíveis à agressividade. Porém, ela não é exclusiva desses ambientes, como qualquer manchete jornalística das páginas policiais.

Ataques de fúria, irritabilidade, impulsividade exagerada, intolerância à frustração e abandono da escola são comportamentos que devem chamar a atenção dos pais e professores, em qualquer que seja a idade em que se apresente.

Observar bem a criança e o jovem, procurar estar mais perto, acompanhá-lo e escutá-lo são as primeiras providências a tomar. Mas, ao mesmo tempo, é indispensável procurar orientação profissional, para que uma avaliação seja feita e um tratamento possa ser iniciado, para realmente ajudar essa criança a conter sua agressividade, arcar com responsabilidades e manifestar suas frustrações de maneira adequada. A família também deve ser orientada a melhor conduzir suas questões internas e seu modo de relação com o mundo.

Quem é a colunista: Maria Irene Maluf - Especialista em Educação Especial e em Psicopedagogia; Membro Honorário da Associação Portuguesa de Psicopedagogos; Presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia- ABPp - gestão 2005/07; Organizadora de algumas publicações na área da psicopedagogia pela Vozes e WAK Editora; é colunista da revista Direcional Educador. Consultora de Publicações Científicas da ABPp e Editora da revista Psicopedagogia .

O que faz: Atende crianças e adolescentes com dificuldades e transtornos de aprendizagem em seu consultório de Psicopedagogia em São Paulo; Leciona como professora convidada no Curso de Aperfeiçoamento em Psicopedagogia do Instituto Sedes Sapientiae; Dá assessoria Psicopedagógica às escolas de ensino fundamental e médio, além de ministrar palestras, cursos e conferencias.

Pecado gastronômico: C H O C O L A T E !!!

Melhor lugar do mundo: Barcelona - Espanha. Mas, para esse lugar ser perfeito de verdade, é preciso estar lá e junto das pessoas que se ama .

Como falar com ela: [email protected] ou ligue (11) 3258-5715.

Atualizado em 10 Abr 2012.