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Cresci ouvindo "em cinco minutos, faz-se um filho" e, a princípio, eram apenas palavras engraçadas que saíam da boca da minha mãe. Só anos mais tarde consegui entender o que isso queria dizer: muita coisa muda em pouco tempo. Quantas vezes você já se despediu dos seus amigos e colegas no último dia de aula com um "até o ano que vem", para depois recebê-lo com um "meu Pai do céu", quem é você? Provavelmente muitas.
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Eu não notei. Provavelmente, ela também não. Tampouco minhas amigas que andavam conosco. Mas as demais pessoas notaram. Alguns aprovaram, outros não. Ela mudou e isso era um fato. No final da oitava série, foi para uma cidade de interior passar as férias com os familiares. Lá deu seu primeiro beijo e, por ser ingênua e não estar acostumada com o ritmo das cidades pequenas, o fez com um cara quase dez anos mais velho e dentro do carro dele. Quando a notícia chegou aos meus ouvidos, fiquei tão perplexa que mal conseguia articular qualquer palavra. Lembro-me vagamente de perguntar: "Mas vocês só beijaram, certo?".
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Um tapa na cara não teria me surpreendido tanto. E, provavelmente, teria doído muito menos. Ainda nos falamos, é claro, mas os papos não são os mesmos. Na verdade, a maior parte do tempo, acho que ela, aquela de quem eu gostava, com quem eu conversava e ria, nem está mais lá. Quem está lá é essa nova Ana com quem me importo, porque você não consegue simplesmente parar de se importar com alguém. E é quando você olha uma pessoa que você costumava conhecer tão bem, que você sabia a música favorita e com quem ficava horas à fio no telefone, que você vê que todo mundo muda. Para melhor ou para pior, é questão de ponto de vista.

O que faz: Preparando-se para prestar o vestibular.
Pecado gastronômico: Filé de frango com arroz.
Melhor lugar do Brasil: São Paulo, Capital. Não há lugar melhor que o lar.
Fale com ela: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.